Irregularidades em julgamento são questionadas pela organização Terra de Direitos

Por Nina Fideles
Fonte: Agência Notícias do Planalto

O julgamento do acusado de assassinar o trabalhador rural sem-terra Sebastião da Maia é permeado por irregularidades, afirmou Gisele Cassano, advogada da Organização Não-Governamental (ONG) Terra de Direitos. O réu, José Luis Carneiro, foi absolvido pelos jurados, na comarca de Loanda (PR) nesta terça-feira (25), por unanimidade sob a alegação de não ter efetuado o disparo contra o sem-terra. O crime ocorreu no ano de 2000 no município de Querência do Norte.

Segundo a advogada, a absolvição foi contrária às provas que tinha nos autos, pois uma outra vítima da mesma emboscada já havia reconhecido o réu como autor dos disparos. Ela afirma que uma testemunha que nuca havia sido referida em nenhum ponto do processo, foi ouvida em plenário.

“Esta testemunha, um dia anterior aos fatos, procurou um integrante do MST e disse que se o movimento não pagasse uma dívida que ela tinha de um financiamento com o Procera, ela iria no outro dia dar o depoimento contra os integrantes do MST. Mesmo assim ela foi ouvida e disse que se o movimento não pagaria, a UDR [União Democrática Ruralista] pagaria a dívida e por isso ela daria o depoimento. O depoimento desta testemunha foi muito contraditório, inclusive com relação aos outros testemunhos da defesa.”

A Terra de Direitos vai entrar com um recurso para que seja feito um novo júri e que ele não seja realizado na comarca de Loanda. Segundo a entidade, as irregularidades que ocorreram durante o julgamento, põem em dúvida a imparcialidade do poder judiciário da comarca. Estuda-se também a possibilidade de federalização do caso.