Agricultura familiar é arma no combate à fome
Por Luiz Renato Almeida
Fonte Agência Chasque
O governo federal precisa fortalecer os mecanismos de incentivo à agricultura familiar, como o Pronaf, e realizar a Reforma Agrária. Só assim haverá uma política efetiva de combate à fome no País. A avaliação é do integrante do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Adriano Martins.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, 60% dos alimentos consumidos pelos brasileiros são produzidos pela agricultura familiar. No entanto, ainda existem cerca de 14 milhões de pessoas desnutridas no Brasil. Enquanto isso, o agronegócio, voltado para a exportação, continua recebendo mais benefícios governamentais. Em 1º de novembro, o governo federal publicou decreto em que autoriza a liberação de R$ 1 bilhão para os grandes produtores de soja.
Na avaliação de Adriano Martins, para erradicar a fome, o Brasil precisa investir mais na agricultura familiar, que produz alimentos para o mercado interno, e menos no agronegócio, que além de produzir para a exportação, ainda causa danos ambientais. “Essa produção tem problemas. Um deles é que se você incluir no custo final, o custo ambiental, ou seja, o custo do que foi desmatado e da água que foi utilizada para produção, percebe-se que isto é um péssimo negócio para o país, economicamente inclusive. Não é esta a produção que põe a mesa do brasileiro. Os investimentos na agricultura familiar cresceram neste último governo em relação aos outros, mas eles ainda são muito pequenos em relação ao investimento feito na agricultura de exportação. Para mim o grande ‘nó’ é em relação à prioridade dada à produção voltada à exportação, em especial a produção de grãos e a de carne de corte para exportação. Se continuarmos assim a gente não erradica a fome não”, diz.
Para Adriano Martins, é preciso destacar o aumento de recursos destinados aos pequenos agricultores, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf, que destinará cerca de R$ 10 bilhões para a safra 2006/2007. Em dez anos de existência, completados em 2006, o Pronaf já gerou cerca de 12 milhões de emprego no campo. O integrante do Consea acredita que o Pronaf deve ser ainda mais fortalecido. “Eu acho que temos um registro importante para fazer. Primeiro as novas modalidades e o aumento de investimentos no Pronaf, com as linhas Jovem, Mulher e Agroecologia. Essas novas modalidades são muito importantes. As vias de fortalecimento da agricultura familiar estão dadas. Nós temos este ‘nó’ bastante sério em relação à reforma agrária e a assistência técnica, mesmo ocorrendo algum avanço, ainda existe um desafio muito grande. A reforma agrária é uma dívida histórica que se perpetua, mas o caminho está apontado não vejo muita dificuldade”, afirma.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, quase 90% dos estabelecimentos rurais no Brasil são de agricultores familiares. Mais de 80% de todo o trabalho no campo vêm da agricultura familiar.