MST retoma marcha em Santana do Livramento (RS)
O MST retomou nesta quinta-feira a marcha em direção à Fazenda Southall, em São Gabriel (RS). Cerca de 350 trabalhadoras e trabalhadores rurais caminham na BR 158, próximos a Rosário do Sul. O Movimento reivindica a desapropriação da Fazenda Southall, um latifúndio de 13,7 mil hectares cujo proprietário possui mais de R$ 50 milhões em dívidas com os cofres públicos.
“A dívida corresponde ao valor da propriedade, por isso queremos que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) faça a desapropriação”, defende Jane Fontoura, integrante do MST. A multinacional Aracruz Celulose estaria negociando a compra da área. “Queremos que as terras brasileiras sejam destinadas aos brasileiros, não para uma multinacional dos desertos verdes”, completa Jane.
Na região metropolitana de Porto Alegre, capital gaúcha, os Sem Terra permanecem acampados no trevo de acesso de Charqueadas, no cruzamento da BR 290 com a RS 401. Ontem cerca de 500 marchantes caminharam mais oito quilômetros em direção à Fazenda Dragão, em Eldorado do Sul, área utilizada pelo tráfico de drogas cuja desapropriação para Reforma Agrária é defendida pelo MST.
De acordo com o Movimento, os Sem Terra não descartam novas mobilizações para hoje caso ocorra o despejo, pela Brigada Militar, dos trabalhadores que ocupam desde segunda-feira a Fazenda Palermo, de São Borja. A Justiça deu prazo até a tarde desta quinta para que os cerca de 150 Sem Terra desocupem o local. “As famílias não pretendem sair da área, que já deveria ser um assentamento se não fosse o atraso do governo do estado na liberação do recurso para a compra da fazenda”, afirma João Gonçalves, integrante do MST que está em São Borja. A área já foi desapropriada e depende da liberação de R$ 2,4 milhões repassados pelo Incra ao Governo do Estado, que em quatro anos não assentou nenhuma família sem terra.
Com as mobilizações, o MST reivindica o cumprimento da meta estabelecida pelo Incra, de assentar 1070 famílias em 2006. O MST exige ainda o assentamento de cerca de 2,5 mil famílias que vivem em acampamentos de beira de estrada no Rio Grande do Sul. Para isso, os Sem Terra querem as desapropriações da Fazenda Southall, de São Gabriel, da Fazenda Dragão, de Eldorado do Sul, e da Fazenda Guerra, de Coqueiros do Sul.