Em Teodoro Sampaio, audiência discute violência contra famílias Sem Terra
Depois dos episódios de violência contra trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra nesta semana, o MST, a CPT (Comissão Pastoral da Terra) e o Centro de Direitos Humanos promovem uma audiência pública nesta sexta-feira na Câmara Municipal de Teodoro Sampaio para discutir o tema reforma agrária e violência, a partir das 20h
Participam do evento autoridades políticas, representantes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo), Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária), Centro de Direitos Humanos, o bispo de Presidente Prudente, Dom José, além de integrantes do MST e CPT.
A coordenação regional do MST acredita que é urgente discutir a questão da violência do latifúndio contra as famílias Sem Terra, além de cobrar a realização da Reforma Agrária em todo o Brasil. Ainda mais depois do ato de violência do agronegócio na fazenda Porto Maria, município de Rosana, região do Pontal do Paranapanema, no domingo (12/11)
Vinte jagunços entraram no acampamento armados com revólveres, fizeram ameaças e agrediram as famílias Sem Terra a mando do grileiro da fazenda, Miro Conti. A polícia foi chamada e prendeu os agressores, que após algumas horas foram soltos. O delegado responsável Everson Aparecido Contellia não manteve os jagunços na cadeia sob o argumento de que eles não cometeram um crime grave.
“Não aconteceu um confronto entre sem-terra e jagunços, mas um ataque covarde contra famílias de lavradores inofensivos e desarmados a mando dos grileiros da área. Não houve qualquer resistência e a violência do agronegócio deixou mulheres, crianças e idosos feridos, além dos seus objetos pessoais destruídos. O ato contra os direitos humanos dos lavradores financiado pelos grileiros da Fazenda Porto Maria não pode ser justificado sobre qualquer argumento nem classificado como uma ‘reação’, diz o MST em nota.
O ataque é mais um ato de violência de latifundiários e do agronegócio contra trabalhadores rurais que lutam contra a perpetuação da concentração de terra no país, que tem 1,6% de proprietários com 46,78% das terras (CPI da Terra/2005). Nos últimos 10 anos, foram assassinados mais de 400 trabalhadores rurais, que passaram por mais de 12 mil conflitos como o de Andradina com ruralistas, relacionados inclusive a trabalho escravo e desrespeito às leis trabalhistas.