Sem Terra criticam lentidão na Reforma Agrária em Pernambuco

Ontem o MST de Pernambuco realizou uma série de atos e ocupações de terras em todo o estado. As mobilizações se concentraram em áreas consideradas prioritárias pelo Movimento e que ainda não foram resolvidas pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Ao todo foram três ocupações de terras, quatro bloqueios de rodovias federais e um ato público.

Logo no início da manhã, cerca de 120 famílias de agricultores Sem Terra ocuparam a Fazenda Uberaba, no município de Bonito, região agreste do estado. A fazenda possui 525 hectares e apesar de ser reivindicada pelo MST há anos e de já ter sido ocupada em outra ocasião, o Incra ainda não realizou a vistoria da área.

No município de Xexéu, zona da mata sul, 150 famílias Sem Terra ocuparam a Fazenda Cavaco. A área de 490 hectares já foi vistoriada e desapropriada pelo Incra para fins de Reforma Agrária, mas os supostos proprietários recorreram da decisão e o processo continua emperrado na Justiça.

A Fazenda Papagaio, no município de São Caetano, no agreste, também já foi ocupada anteriormente pelo MST e é reivindicada para fins de Reforma Agrária há mais de três anos. Ela foi novamente ocupada ontem por cerca de 50 famílias de agricultores Sem Terra.

Cerca de 200 famílias de trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra do Assentamento Serraria, no município de Moreno, região metropolitana do Recife, e de outros assentamentos do MST na região, bloquearam a BR 232. Eles protestaram contra a compra ilegal de um lote dentro do assentamento e o despejo das famílias acampadas nesse lote, que aconteceu na semana passada.

O MST bloqueou ainda a BR 101 em três trechos: no município de Escada, região metropolitana do Recife; em Igarassú, altura de Pasmado; e no município de Goiânia. Todas essas regiões possuem áreas consideradas prioritárias para a Reforma Agrária em Pernambuco.

Dez anos de promessas

Cerca de 200 Sem Terra realizaram um ato no município de Condado cobrando o assentamento das cem famílias que estão acampadas há mais de 12 anos no Engenho Bonito. A área, do Grupo João Santos, foi vistoriada e é considerada improdutiva pelo Incra desde setembro de 1996, mas o grupo entrou com ação no Tribunal Regional Federal (TRF) pedindo reclassificação fundiária, alegando que na área existia uma plantação de bambu. Em 2004 foi feita uma nova vistoria, dessa vez por um perito da Justiça, que comprovou o laudo de improdutividade do Instituto. Mas na sentença, o laudo do perito não foi levado em conta e o processo continua em andamento sem definição até hoje.

Hoje a superintendente regional do Incra em Pernambuco, Maria Oliveira, se reunirá com a coordenação do MST no estado para discutir as principais pendências do órgão com o Movimento e as possibilidades de algumas soluções ainda esse ano.