No RS, Sem Terra retomam marcha rumo à Fazenda Dragão
Aproximadamente 350 trabalhadores rurais que estão acampados no trevo de acesso a Charqueadas, na BR 290, retomam amanhã a marcha rumo à Fazenda Dragão, em Eldorado do Sul (RS). O MST reivindica a desapropriação da área, ocupada pela primeira vez em junho do ano passado.
“Estamos decididos a permanecer na fazenda e começar a trabalhar a terra. Seguiremos pressionando para que o STF (Supremo Tribunal Federal) libere a área para assentamento das famílias”, afirma Ana Hanauer, da coordenação estadual do MST. O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) desapropriou a Fazenda Dragão por interesse social, a partir dos indícios de que a área é utilizada para lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. Em agosto deste ano, o STF suspendeu o processo de desapropriação, baseado na lei que impede vistorias em áreas ocupadas pelos Sem Terra, dentro do prazo de dois anos. O Incra pediu reconsideração da decisão.
A Cabanha Dragão foi seqüestrada pela Justiça por indícios de ligação com uma organização criminosa. O proprietário da área, um jordaniano, chegou a ser preso em 2004 por tráfico de armas. A área tem 760 hectares e nela poderiam ser assentadas 75 famílias.
Hoje cerca de 200 integrantes do MST ocuparam a Fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul (RS), para cobrar o compromisso estabelecido pelo Incra de desapropriar a área ainda no mês de outubro. As famílias Sem Terra entraram na fazenda e já iniciaram o plantio de grãos e hortaliças. Junto com a marcha em São Gabriel, que permanece acampada numa área cedida às margens da BR 290, as mobilizações do MST no Rio Grande do Sul exigem o cumprimento das metas estabelecidas pelo Incra. O órgão se comprometeu a assentar 1070 famílias ainda em 2006.
Além das fazendas Guerra e Dragão, o MST reivindica a desapropriação da Fazenda Southall, em São Gabriel.