Transposição do Rio São Franscisco não conterá escassez de água, diz Dom Cappio

Por Gisele Barbieri
Fonte Agência Notícias do Planalto

A ANA (Agência Nacional de Águas) estima que até 2025 a região Nordeste pode enfrentar um agravamento nos problemas de abastecimento de água, o que prejudicaria cerca de 41 milhões de habitantes desta região. O alerta é feito na publicação do órgão intitulada “Atlas Nordeste”. Para a solução do problema a Agência sugere uma lista de obras como a perfuração de poços. Porém, estas obras necessitam de recursos, o que o órgão estipula que seja em torno de R$ 3, 6 bilhões.

Para Sérgio Moraes, coordenador técnico do estudo produzido durante 18 meses, o problema foi gerado por questões como a estrutura obsoleta de algumas obras já existentes. “O problema tem dois componentes: um é a própria escassez hídrica da região, isto é a quantidade de água disponível para o abastecimento. O segundo componente é a questão da infra-estrutura que hoje existe, ou seja o sistema que leva água até o município. Muitas vezes esta estrutura está obsoleta e necessita de ampliação”, diz.

O projeto de transposição das águas do Rio São Francisco não está contido no estudo como solução para conter esta possível falta de água. Segundo entidades como o Comitê da Bacia do rio, o projeto de transposição atenderá diretamente apenas 5% da superfície do semi-árido. Para Dom Luiz Cappio, Bispo de Barra (BA), obras de melhoria na infra-estrutura seriam realmente a solução.

“Não deve depender do rio São Francisco o abastecimento do Nordeste porque já está comprovado que o nordeste setentrional (eixos norte e leste da região) tem água. O que precisa é investir para que este potencial hídrico seja aproveitado e haja uma infra-estrutura para que este volume seja bem distribuído”, afirma Cappio.