Morte entre índios só deve acabar com mudança de política indigenista, diz Cimi

Por Danilo Augusto
Fonte Agência Notícias do Planalto

Um levantamento realizado pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário) constatou que no ano passado aproximadamente 40 indígenas foram assassinados. Desses, metade vivia na comunidade Guarani-Kaiowá no estado do Mato Grosso do Sul. As mortes foram decorrentes de briga de casais e desentendimentos familiares.

Saulo Feitosa, vice-presidente do Cimi, afirma que no Mato Grosso do Sul existe um avanço de invasões nas terras indígenas por parte de fazendeiros e indústrias, o que é um fator predominante para esse problema. “Isso deixa os índios em uma situação de confinamento, provocando uma tensão interna muito grande e também em um alto índice de alcoolismo. A não solução do problema fundiário, a tensão externa que é causada por parte da fome, a violência gerada por crimes de pistolagem e pela própria polícia da região são fatores que acabam colaborando para esse alto índice de violência e morte entre os índios”, declarou.

O vice-presidente do Cimi também comenta que a situação de violência do Mato Grosso de Sul deve continuar entre os índios até que o governo comece a tratar a demarcação de terras indígenas com mais seriedade. “A situação no estado deve continuar agravada. Só uma mudança na política indigenista no governo federal resultaria em mudanças no modo de viver da população Guarnai-Kaiowá”, diz.

Segundo estudo da antropóloga do Cimi, Lucia Helena Rangel, os índios Guarani-Kaiowá, que hoje somam aproximadamente 40 mil pessoas, são os que menos têm terras entre as populações indígenas do país. Eles possuem menos de um hectare por indígena.