Relatório aponta recorde em acidentes com transgênicos em 2006

O Greenpeace divulgou ontem, 15, relatório intitulado “Registros de Contaminação Transgênica”, segundo o qual, 2006 foi o ano com o maior número de acidentes com transgênicos nos últimos dez anos.

O documento foi entregue, em Brasília, aos 27 cientistas brasileiros que integram a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). A entrega não foi por acaso. A CTNBio se reuniu ontem para discutir e deliberar sobre a liberação do plantio e comercialização de cinco modalidades de milho transgênico.

O documento do Greenpeace cita casos de contaminação, plantios ilegais e efeitos colaterais negativos causados pelos transgênicos em todo o mundo, em 2006. Segundo o texto, nos últimos 10 anos, foram relatados 142 casos de contaminação de diversas espécies ocorridos no mundo. Desse total, 35% se referem às variedades de milho transgênico. Somente em 2006, foram registrados 24 incidentes com transgênicos em todo o mundo.

As notificações foram feitas no site www.gmcontaminationregister.org, criado pela ONG britânica GeneWatch e pelo Greenpeace para monitorar o impacto dos transgênicos na produção de alimentos e no meio ambiente. O lançamento internacional do relatório será na próxima segunda-feira, dia 19.

Segundo a coordenadora da Campanha de Transgênicos do Greenpeace, Gabriela Vuolo, os transgênicos que existem atualmente em escala comercial, ou são resistentes a agrotóxico, ou têm propriedades inseticidas, e foram desenvolvidos pelas indústrias de agroquímicos para serem resistentes aos seus próprios agroquímicos. Ela defende que eles não produzem mais, como sustentam seus fabricantes: “Em vez de uma soja que dê dez grãos, você não vai ter uma soja que dê 100 grãos, isso é uma mentira”, afirmou.

Os Estados Unidos continuam a ser o país com maior número de casos de contaminação. Um outro caso citado no relatório é o da Espanha, ocorrido em 2005, mas só registrado no ano passado. A introdução do milho transgênico estaria ameaçando o modo de vida de produtores orgânicos nas principais regiões de plantio de milho do país ibérico. O relatório também aponta a preocupação com a contaminação de estoques de sementes de milho. Nos últimos dez anos, o documento afirma que foram encontradas sementes de milho contaminadas em 11 países, entre os quais o Brasil. Os outros são: Áustria, Chile, Croácia, França, Alemanha, Grécia, Itália, Nova Zelândia, Suíça e Estados Unidos.

Com informações da Agência Brasil