Pistoleiros contratados para assassinar dirigente do MST são presos em Pernambuco
Na última quarta-feira, 14, a polícia do município de Aliança, Zona da Mata Norte, Pernambuco, prendeu os pistoleiros José Edson Leonardo, conhecido como Lóia, de 38 anos, e Francisco Assis Silva, de 44 anos.
A suspeita é de que os pistoleiros teriam sido contratados na cidade de Goiana, por um fazendeiro conhecido por Branco, para assassinar o trabalhador rural Sem Terra João Izídio da Silva, de 40 anos, coordenador do acampamento Guararapes. O acampamento fica no engenho Guararapes, que faz parte da massa falida da usina Aliança, uma área que já foi palco de muitos conflitos de terra.
Na terça-feira, 13, à noite os pistoleiros foram ao acampamento ameaçar João Izídio. No dia seguinte o Sem Terra apresentou queixa das ameaças na delegacia de Aliança. Quando a polícia chegou ao local os pistoleiros tinham acabado de invadir o acampamento. Eles foram presos em flagrante com uma espingarda calibre 12 e uma pistola ponto 40.
A violência na área já foi denunciada diversas vezes aos órgãos competentes do Estado, mas infelizmente, a nova tentativa de assassinato ocorrida na última quarta-feira, demonstra que o problema só será resolvido quando todas as terras da usina forem desapropriadas.
Uma história de violência
A usina Aliança é uma área de luta histórica do MST. A usina faliu em 1996 depois de contrair uma dívida de mais de 250 milhões de reais (dados dos Governos Estadual e Federal em 1998) incluindo débitos com os trabalhadores. Os moradores da antiga usina, sem receber seus direitos trabalhistas, a partir de 1998, passaram a reivindicar a desapropriação dos 22 engenhos que somam 7.300 hectares. Apenas cinco dos 22 engenhos foram desapropriados entre eles o Engenho Natal.
Os usineiros respondem às demandas dos Sem Terra com muita violência. Lideranças de trabalhadores são assassinadas, as famílias de moradores são aterrorizados por pistoleiros para saírem da terra.
Em dezembro do ano passado o trabalhador rural Sem Terra José Gomes, ligado à Comissão Pastoral da Terra (CPT), foi assassinado no Engenho Natal. Em outubro de 2003 outro trabalhador rural, Ivanildo Ferreira de Lima, 25 anos, foi assassinado por três homens de moto e em novembro do mesmo ano Severino José da Silva, 64 anos, foi assassinado dentro de sua própria casa.