Milícias ferem três em acampamento do MST no Paraná

Três Sem Terra do MST ficaram feridos durante o ataque de um grupo de milícias armadas contra o acampamento da fazenda Videira, situada entre os municípios de Terra Rica e Guairaçá, na região Noroeste do Paraná.

O ataque começou por volta de 3 horas da madrugada desta sexta-feira, dia 9, quando aproximadamente 20 pistoleiros fortemente armados, com metralhadoras, fuzil R15, espingarda calibre 12 e pistola 9 milímetros, invadiram o acampamento disparando rajadas contra os barracos onde crianças e adultos dormiam. Há suspeitas de que os pistoleiros tenham sido contratados pelos familiares do fazendeiro Espolio de Alwin Zoller, que já é falecido, e pela Usina Santa Terezinha, que arrendou a área para plantação de cana-de-açúcar.

Após o atentado as famílias entraram em contato com a Policia Militar de Terra Rica e Guaíraça para apurar o crime. Segundo os policiais, até o momento somente uma caminhonete foi presa com um pistoleiro, que fugia do local, mas até o momento não se sabe para onde foram encaminhados.

O MST espera que a justiça puna os culpados pelo atentado e investigue a existência de milícias armadas no Paraná, pois ataques contra acampamentos de Sem Terra já se tornaram rotina no Estado. No dia 16 de janeiro, 40 pistoleiros armados e encapuzados invadiram o acampamento do MST, na fazenda 3J, em Guaravera distrito de Londrina. A fazenda pertence ao ex-deputado federal José Janene (PP-PR), que conseguiu se aposentar pela Câmara de Deputados com salário integral de R$ 12.847,20, após ser absolvido do processo de envolvimento no “mensalão”.

Com objetivo de agilizar o processo de Reforma Agrária, na última terça-feira, dia 6, 500 famílias do MST, ocuparam a fazenda Videira. Após ser vistoriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a área de 1.231 hectares foi considerada improdutiva. No dia 1º de dezembro passado, o Governo federal decretou a desapropriação da terra para fins de Reforma Agrária.

Os Sem Terra denunciaram o caso a Ouvidoria Agrária do Incra do Paraná, que se comprometeu a solicitar a Superintendência da Polícia Federal a investigação da atuação de milícias armadas na região, além de pedir a Secretaria de Segurança Pública proteção as famílias acampadas no local. O órgão também prometeu exigir a Justiça local o deslocamento do processo da área para a Justiça federal, por se tratar de uma fazenda com decreto de desapropriação federal.