MST cobra investigação de milícias armadas no Paraná

Diante das graves agressões cometidas por milícias armadas, no Paraná, contra trabalhadores do MST, o Movimento enviou ontem, dia 14, denúncia do crime à Ouvidoria Agrária do Incra do Paraná, que solicitou providências a Secretaria de Segurança Pública e a Superintendência da Polícia Federal, na investigação do caso.

Ainda ontem, a organização civil pelos direitos humanos, Terra de Direitos, também envio ofício ao Ministro Paulo de Tarso Vannuchi da Secretaria Especial de Direitos Humanos – SEDH, em Brasília, e ao Ouvidor Agrário Nacional, Gercino Jose da Silva Filho, solicitando investigação e providências sobre o caso.

Os pedidos de providência se devem ao ataque de um grupo de milícias armadas aos Sem Terra, acampados na Fazenda Videira, em Guairaçá, região Noroeste do estado, na sexta-feira, dia 9, deixando três trabalhadores feridos. No ataque que começou por volta das 3 horas da madrugada, o grupo cercou o acampamento e disparou contra os barracos, onde crianças e adultos dormiam. Foram usadas armas de grosso calibre como: metralhadoras, fuzil R15, espingarda calibre 12 e pistola 9 milímetros. Dez pistoleiros que efetuaram os disparos foram presos pela Polícia Militar, quando tentavam fugir do local.

A Fazenda Videira de 1.231 hectares, que pertence à empresária Laci Dagmar Zoller Ribeiro e filhos, foi desapropriada pelo Presidente Lula, no dia 1° de dezembro de 2006, para fins de Reforma Agrária. A área foi considera improdutiva. O Incra informou que após o decreto, os técnicos tentaram fazer a avaliação da área, mas foram impedidos pelos funcionários e pistoleiros armados da fazenda. O órgão reitera que vai adotar as medidas necessárias para realizar a avaliação do imóvel e realizar o assentamento das famílias sem terra.

O local foi ocupado por cerca de 500 famílias do MST, no dia 06 de março. O objetivo da ocupação é, justamente, agilizar o processo de assentamento das famílias e a Reforma Agrária no Estado. Ainda existem no Paraná cerca de 8 mil famílias acampadas em latifúndios improdutivos e beiras de estradas, à espera do assentamento.

A ocupação da fazenda Videira coloca em disputa o modelo da agricultura camponesa e a expansão da monocultura de cana do açúcar no Estado, pois a área se encontra arrendada à Usina de álcool Santa Terezinha, com plantação de cana de açúcar. A empresa é contra o assentamento das famílias Sem Terra no local.

Providências

O MST espera que a justiça investigue a atuação das milícias armadas no Paraná, porque os ataques aos Sem Terra estão se tornando cada vez mais violentos. Recentemente, em 16 de janeiro, 40 pistoleiros armados e encapuzados invadiram o acampamento do MST, na fazenda 3J, em Guaravera, distrito de Londrina.

A fazenda pertence ao ex-deputado federal José Janene (PP-PR), que conseguiu se aposentar pela Câmara de Deputados com salário integral de R$ 12.847,20, após ser absolvido do processo de envolvimento no mensalão. Em novembro de 2006, um grupo de fazendeiros da Sociedade Rural do Oeste do Paraná, trancaram a BR – 277, no sentido Cascavel a Foz do Iguaçu para impedir a passagem, e agredir os trabalhadores que participavam de uma Jornada de Educação em Cascavel e estavam se deslocando até o Acampamento “Terra Livre”, em Santa Tereza do Oeste (antigo campo de experimento da multinacional Syngenta). Esse mesmo grupo está ameaçando despejar as famílias da área ocupada.