Trabalhadores ocupam órgãos públicos e fazendas em São Paulo

Aproximadamente 100 famílias ocuparam hoje (17) a Fazenda Cataco, no município de Ubarana (região de São José do Rio Preto). A área tem quatro mil alqueires e está arrendada para a Fazenda Santa Izabel para o plantio de cana-de-açúcar. A Polícia Militar está na área desde cedo e aguarda a reintegração de posse para fazer o despejo. O local está cercado e um padre da região foi impedido de entrar no acampamento.

No município de Getulina, cerca de 300 famílias ocuparam a Fazenda Volta Grande. A área de 170 alqueires pertence à família Bertazzone e está arrendada para a Usina Clealcool para o plantio de cana. Na chegada à fazenda as famílias bloquearam a entrada de uma frota de caminhões, mas a polícia chegou ao local e os veículos foram liberados. As famílias denunciam que há degradação ambiental na área – máquinas trabalham em áreas de nascentes e também há gado em áreas de várzea.

Em Franco da Rocha, grande São Paulo, a fazenda Belém permanece ocupada desde a madrugada do dia 14. Cerca de 200 famílias do Acampamento Che Guevara participam da ocupação. Eles realizaram um ato na Estrada Velha de Campinas e distribuíram mudas em um mutirão de plantio de árvores na entrada da fazenda, ao lado da rodovia. Os Sem Terra reivindicam a desapropriação da área para fins de Reforma Agrária e vistorias do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em outras áreas da região.

Em Presidente Bernardes (Pontal do Paranapanema), os trabalhadores rurais Sem Terra ocuparam, ontem, 16, a Fazenda São Luis. Eles cortaram plantações de cana-de-açúcar, em protesto contra o agronegócio, e fizeram uma barricada na entrada da propriedade.

Também na região do Pontal, 8 fazendas griladas e com processo de discriminação de terras devolutas avançado estão ocupadas. As áreas são: fazenda São Luis, em Presidente Bernardes, fazenda São Domingos 1 e São Domingos 2, em Sandovalina, fazenda Nazaré, em Marabá, fazenda Tupi-Conan, em Presidente Epitácio e fazendas Asa Branca, Santa Cruz e São Francisco, em Mirante do Paranapanema.

Na cidade de Itapetininga, região de Sorocaba, as 150 famílias que ocupavam desde o dia 8 de abril, uma área da empresa Suzano Papel e Celulose, deixaram o local. Em seguida, ocuparam a fazenda Boi Gordo, no mesmo município. Cerca de 50 famílias ocuparam a Fazenda Sapituva no município. A área de 503 hectares já foi vistoriada pelo Incra, porém o laudo ainda não saiu. Em Andradina, os trabalhadores desocuparam as fazendas Timborézinho, São Lucas e Pendengo.

Também houve ocupação na Fazenda do Una, no município de Taubaté. Cerca de 100 famílias estão na área de 700 hectares pertence à VCP e que é utilizada para o plantio de eucalipto. Na região de São José dos Campos, os trabalhadores paralisaram a Rodovia Presidente Dutra e protestaram contra a impunidade dos responsáveis pelo Massacre de Eldorado dos Carajás.

As famílias que ontem ocuparam a Fazenda Boi Gordo, também em Itapetininga, permanecem acampadas no local.

Órgãos

Os trabalhadores rurais Sem Terra ocuparam ontem, dia 16, as dependências do prédio da Justiça Federal, localizada em Ribeirão Preto, nordeste de São Paulo. Mais de 100 acampados do MST na Fazenda da Barra, Acampamento Mário Lago, participaram da ação. O objetivo era pressionar o judiciário para que agilize o julgamento dos processos que estão paralisados no Tribunal Regional da 3º Região e a efetivação do assentamento das famílias Sem Terra.

Ontem (16), as sedes do Incra de Teodoro Sampaio, e do Instituto de Terras de São Paulo (Itesp) em Teodoro Sampaio e Primavera, foram ocupadas por trabalhadores e trabalhadoras ligados ao MST. Pela manhã, diante da perspectiva de despejo por ordem do governador José Serra, o MST expressou sua opção pelo diálogo, permitindo que os funcionários dos órgãos entrassem para trabalhar. No entanto, houve tentativa de efetuar o despejo nas sedes do Itesp, mesmo sem mandado judicial. O Instituto entrou com pedido de reintegração de posse e aguarda decisão da justiça.

No período da tarde, a sede do Incra foi desocupada com o compromisso de uma reunião com o superintendente regional Raimundo Pires. A sede do Itesp em Teodoro Sampaio também foi desocupada. Os Sem Terra permanecem na sede do Itesp em Primavera.