CNBB defende reforma agrária e regularização de terras
Os participantes da 45ª assembléia-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) fazem declaração contundente contra a falta de regularização fundiária na região, a ausência do Estado e o desrespeito ao meio ambiente.
Outro problema, segundo o documento “Fraternidade e Amazônia – Vida e Missão neste Chão”, terminado ontem em reunião no interior de São Paulo, é a “cobiça” de pessoas e grupos que querem enriquecer com a exploração da floresta.
Em entrevista coletiva, os bispos defenderam também a reforma agrária. Os bispos d. Angélico, de Blumenau (SC), d. Itamar Vian, de Feira de Santana (BA), e d. Orani Tempesta, de Belém (PA), colocaram a necessidade aceleração da reforma agrária para atender os interesses do povo e não de grupos econômicos.
“Há muita gente com o pé no breque [em relação à reforma agrária], fazendo lobby, influências de grupos econômicos nacionais, internacionais, banqueiros”, afirmou d. Angélico. “Gostaria que o Lula fizesse isso. Foi para isso que teve o respaldo dos votos populares”, completou.
Segundo documento da CNBB, “os conflitos de terra estão na ordem do dia – a intensa migração continua a inchar cidades e povoados, a violência ceifa vida e gera um clima de insegurança para a população”.
“As políticas públicas que propiciem a mínima infra-estrutura para uma vida digna freqüentemente não passam de promessas e custam a ser implementadas”, analisa o texto.
No documento sobre a Amazônia, os bispos afirmam que se trata de uma região vulnerável por despertar cobiças de diversos setores econômicos pela riqueza da biodiversidade no país.
“A existência de incalculáveis riquezas naturais tem atraído para a região todo tipo de gente, desde os aventureiros de sempre que querem enriquecer de forma ilegal, abusiva e desrespeitosa, em curto tempo e depois vão embora, até famílias que sonham com melhores condições vida”, critica o documento.
A CNBB coloca também a importância da participação popular nos debates sobre a região, especialmente em universidades, associações, sindicatos, ONGs e movimentos sociais.