Desmatamento florestal é segundo fator para efeito estufa
O desmatamento e a queima de florestas tropicais em países como Brasil são a segunda fonte de emissões de dióxido de carbono à atmosfera, de acordo com relatório publicado no Reino Unido.
“Caso a batalha contra o desmatamento seja perdida, perderemos a luta contra a mudança climática”, disse o diretor do Programa Mundial para as Copas das Árvores, que participou da elaboração do relatório, Andrew Mitchell.
“Reduzir o desmatamento oferece a maior oportunidade para diminuir a emissão de gases do efeito estufa à atmosfera nas próximas duas décadas, a um custo muito menor que mediante grandes infra-estruturas e de forma muito mais rápida”, acrescentou.
Soja
De acordo com imagens de satélite e pesquisas de campo, entre 2001 a 2004, estudo de cientistas dos Estados Unidos e Brasil aponta que 5.400 quilômetros quadrados da Amazônia foram convertidos em soja no Mato Grosso.
“Apenas entre 1995 e 2005, a produção de soja brasileira dobrou. Para chegar e manter o alto número, o modelo de produção é baseado na monocultura, que degrada o meio ambiente”, afirma Temístocles Marcelos, da comissão de meio ambiente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Com a valorização da soja no mercado internacional em 2003, a substituição de floresta por soja chegou a um quarto de todo o desmatamento no Mato Grosso, campeão da devastação florestal. Para efeito de comparação, essa área é do tamanho de um Distrito Federal.
“Existe forte correlação do preço da soja com a taxa anual de desmatamento”, disse Carlos Souza Jr., especialista do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Efeitos
As emissões causadas pelo desmatamento correspondem a entre 18% e 25% do total, superadas apenas pelo setor energético, responsável por 24%. A indústria e os transportes são responsáveis por 14%, e a aviação, por entre 2% e 3%.
A percentagem de emissões de dióxido de carbono causadas pelo desmatamento chega no Brasil a 70%, e a 85% na Indonésia, que se transformou no terceiro maior emissor global de gases do efeito estufa.
“Não se trata de culpar a Indonésia, o Brasil ou qualquer outro país. A única opção que têm para satisfazer essa demanda é desmatar suas florestas”, disse Mitchell, que defendeu uma resposta global ao problema.
Apesar de ser uma das principais causas de emissão de gases do efeito estufa, o debate internacional sobre como diminuir a mudança climática foi centrado na redução das emissões causadas pelos setores energético e de transportes, de acordo com o GCP.
O Protocolo de Kyoto exclui os incentivos financeiros pela redução das emissões causadas pelo desmatamento ou pela conservação das florestas tropicais existentes.
O GCP tem como objetivo integrar os estudos florestais em nível mundial em um programa de pesquisa e conservação, focado para o entendimento do papel fundamental das copas das árvores na biodiversidade e nas mudanças climáticas, em um prazo de dez anos.