Sumiço de Sem Terra ainda não foi esclarecido pela polícia

Nesta quinta-feira, dia 2, completam 17 dias que o agricultor Romualdo Portela Alves Moreira, 52 anos, integrante do MST, desapareceu, na região Sudoeste do Paraná. Até agora a polícia da região ainda não esclareceu o caso.

Romualdo sumiu no dia 16 de julho, após 150 famílias do MST reocuparem a fazenda Araçá, no município de Marmeleiro. Com a ausência do agricultor os acampados vivem em constante clima de tensão e medo, temendo que Romualdo tenha sido mais uma vítima fatal do latifúndio.

O desaparecimento do trabalhador foi registrado em Boletim de Ocorrência, na delegacia de Honório Serpa. No entanto, há forte indício de que os pistoleiros que estavam na fazenda, estejam envolvidos no sumiço do agricultor. Há suspeita de que o mandante tenha sido o médico Nelson Sandini, que se diz proprietário da área. Segundo relato das famílias, o bando armado passa as noites rodando o local e disparando tiros para o alto, na tentativa de intimidar os Sem Terra.

Providências

Diante dos fatos, o MST e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) encaminharam nova denúncia à Comissão de Direitos Humanos do Ministério Público Estadual, ao Ouvidor Agrário Nacional, Gercino de Oliveira, ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e ao secretário de
Segurança Pública do Paraná (Sesp), Luiz Fernando Delazari, solicitando investigação do desaparecimento do agricultor, providências para evitar que fatos como este se repitam e uma rigorosa investigação da atuação de milícias armadas na região.

Anteriormente o MST e a entidade Terra de Direitos já haviam denunciado o caso à Ouvidoria Agrária Nacional e do Paraná, que encaminhou a investigação à Sesp. O ouvidor do Estado, Luásses Gonçalves dos Santos solicitou urgência na investigação.

Contexto

Durante a reocupação, os trabalhadores foram surpreendidos por pistoleiros armados que faziam a segurança da área. Houve conflito e vários trabalhadores ficaram feridos. Parte da fazenda Araçá estava ocupada pelos trabalhadores do MST desde maio de 2006, mas eles foram despejados pela Polícia Militar no dia 12 de junho, deste ano. No despejo as famílias perderam plantações, animais, e tiveram seus barracos e pertences queimados pelos policiais.

A área é de propriedade do Incra, que concedeu licença de uso da mesma a Nelson Sandini devido à correção da faixa de fronteira no estado. O MST questiona a posse dada pela autarquia ao médico e reivindicada a fazenda para a Reforma Agrária, por se tratar de uma área pública que não cumpre a função social.