Estudantes e movimentos sociais ocupam Faculdade de Direito da USP
Os movimentos sociais e entidades estudantis ocuparam a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, no centro da cidade de São Paulo (SP), em atividade da jornada nacional de lutas em defesa da educação pública e pela garantia de acesso à universidade a toda a população.
Os 500 manifestantes realizam um protesto pacífico e pretendem ficar 24 horas nas instalações do largo, organizando uma série de atividades políticas e culturais. A jornada já realizou atividades no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Ceará, em torno de uma plataforma de 18 pontos para educação no país.
Os protestos denunciam que apenas 11% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos conseguem vaga no ensino superior e reivindicam o aumento do investimento público em educação para 7% do Produto Interno Bruto (PIB). Atualmente, o investimento está em torno de 3,5%, um dos menores da América Latina.
Na ocupação da Faculdade de Direito, o MST denuncia que nas áreas rurais não existem escolas suficientes para o ensino fundamental. Em relação ao ensino médio e superior, a situação é ainda pior.
“O país precisa universalizar o direito à educação para toda a população, mas precisamos dar atenção especial e prioridade ao campo, que é alvo de um projeto excludente”, afirma o integrante do coletivo de juventude do MST, Célio Romoaldo.
No campo, 28,7% da população é analfabeta. Nas áreas de Reforma Agrária, o analfabetismo alcança 23% dos trabalhadores assentados. “Temos como bandeira a alfabetização e lutamos pela construção de escolas públicas no campo para garantir a universalização do acesso a educação básica”, explica Romoaldo.
Os movimentos sociais da cidade cobram cumprimento de termo de compromisso assinado pela reitora da USP, Suely Vilela, em maio de 2006.
Não foi cumprido o acordo em torno da criação de um grupo de trabalho, com a participação movimentos social, estudantil e negro, para discutir o programa de inclusão no prazo de um ano. Além disso, a reitora não compareceu às audiências na Assembléia Legislativa, como se comprometeu no documento.
Dentro das atividades políticas e culturais da ocupação, acontece apresentação do cantor Tom Zé e do grupo de teatro do MST “Filhos da Mãe…Terra”. Haverá também uma aula pública, intitulada “O caráter público da universidade”, com a presença de Dalmo Dallari.