Grito dos Excluídos defende retomada da Vale do Rio Doce
O 13º Grito dos Excluídos denuncia que a privatização da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), realizada em processo fraudulento durante o governo FHC, em 1997, representou um atentado à soberania nacional e reivindica a retomada da companhia mineradora nas suas manifestações por todo o país, no dia 7 de Setembro.
Com as articulações em torno do plebiscito sobre a anulação do leilão da Vale, a coordenação do Grito dos Excluídos espera que o número de participantes supere 2006, quando mais de um milhão de pessoas se mobilizaram em defesa efetivação da independência nacional. Os protestos devem acontecer em mais 1.400 localidades.
“O Grito trouxe muitas inovações às mobilizações sociais e procura privilegiar o protagonismo dos excluídos e excluídas, o espaço de parceria aberta e plural, a linguagem popular, descentralização das decisões, denúncia e anúncio e livre criatividade”, analisa Luiz Basségio, da secretaria do Serviço Pastoral dos Migrantes e da coordenação do Grito dos Excluídos Continental.
Neste ano, os protestos de 7 de Setembro têm como lema “Isto não Vale: Queremos Participação no Destino da Nação” e acontecem em sintonia à campanha das entidades que organizam o plebiscito sobre a privatização da mineradora.“O plebiscito da Vale passa por questões fundamentais para a construção de um novo Brasil: as privatizações, o pagamento das dívidas e a perda de direitos trabalhistas com a Reforma da Previdência”, explica Basségio.
Em dezembro de 2005, depois de dez anos de tramitação de mais de 90 processos que contestam a venda, o plenário do Tribunal Regional da Justiça Federal, em Brasília, considerou o leilão fraudulento e determinou a sua anulação. “O plebiscito promove o exercício legítimo e legal de decisão sobre temas importantes, como o uso e destino de nossas reservas minerais, e pode ser um indicativo para que os poderes executivo, legislativo e judiciário, a partir dessa decisão judicial, respeitem também a vontade do povo”, afirma João Paulo, do MST, que participa da organização do Grito.
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Os movimentos sociais do campo e da cidade entendem que a política econômica neoliberal, as privatizações de áreas estratégicas e a crise do sistema política fazem o país caminhar no sentido contrário à construção de uma nação livre e soberana, na qual o povo possa definir o seu destino.
O ato com maior peso político deve acontecer mais uma vez na cidade de Aparecida, na região do Vale do Paraíba (SP), onde se reuniram 100 mil pessoas no ano passado. Na capital paulista, a caminhada da Praça da Sé até o Monumento do Ipiranga uniu 10 mil manifestantes. Estão previstas grandes atividades também na Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Além do MST, diversas entidades fazem parte da organização dos atos, como as pastorais sociais da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), como a dos imigrantes, da terra e dos operários; os movimentos da Via Campesina, como MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), MAB (Movimentos dos Atingidos por Barragens); da CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais), CUT (Central Única dos Trabalhadores), Conlutas e Intersindical.
As manifestações continentais do Grito estão previstas para 12 de outubro e devem acontecer em 23 países das Américas Latina, Central e Caribe. “O Grito deu um grande salto qualitativo, se organizando regionalmente, com coordenações nacionais organizadas por região”, coloca Basségio.