Base do PT aprova plebiscito pela reestatização da Vale

Com apoio de mais de 90% dos delegados, o PT aprovou ontem, durante o seu 3º Congresso, a realização de plebiscito que discutirá a anulação da venda Companhia Vale do Rio Doce, em 1997. O plebiscito começou ontem a ser promovido por sindicatos e movimentos sociais e vai até sexta-feira. Ele tem caráter político, não legal – ou seja, a provável vitória esmagadora da tese da anulação não terá nenhum efeito prático. Tampouco significa que a Vale será reestatizada. Mas constrangerá o governo.

A ala que hoje dirige o PT, que era contrária à consulta por entender que criaria atritos com o governo, desistiu de se opor ao plebiscito ao perceber que perderia uma votação em plenário. Assim que a moção foi aprovada, o plenário explodiu em um coro de “A Vale, a Vale, é dos trabalhadores!”. Na mesa que comandou a sessão estava o chefe da assessoria da Presidência, Marco Aurélio Garcia.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini, se ausentou na hora da votação, repetindo o que havia feito no congresso estadual da sigla, em agosto. Defensor da proposta em plenário, o ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) João Felício argumentou que com o gesto o PT estaria se reaproximando de seus aliados históricos.

A tese de que a venda da Vale, no governo Fernando Henrique Cardoso, foi fraudulenta e por preço baixo tem amplo respaldo na base petista e entre intelectuais como Fábio Konder Comparato.

Berzoini, na última quinta-feira, tentou conter a idéia de plebiscito. “O partido não deve institucionalmente se envolver com esse assunto. Isso vai criar problemas entre o partido e o Lula”, afirmou. Ontem, após a votação, Berzoini não deu entrevistas. Até o fechamento desta edição, ele estava em reuniões, segundo sua assessoria.

Fonte: Folha On Line