Via Campesina faz marcha pela desapropriação da fazenda Guerra
Raquel Casiraghi ,
Agência Chasque
Cerca de 600 famílias sem terra da região de Bossoroca iniciaram nesta terça (11) a marcha em direção à Fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul, no Norte do Estado. Os trabalhadores reivindicam a desapropriação da área, de mais de 10 mil hectares, para a reforma agrária.
Os sem terra chegam em São Luiz Gonzaga a noite, totalizando seis quilômetros de caminhada. Na quarta de manhã, as famílias seguem para Coqueiros do Sul. O dirigente do Movimento Sem Terra (MST), Nilton Cesar de Lima, explica que cerca de 2 mil famílias estão acampadas hoje no Rio Grande do Sul, sem muita perspectiva de serem assentadas.
“Nós hoje estamos em uma situação bem complicada, no sentido de que o governo tem prometido várias metas de assentamento e não tem cumprido. O governo federal fez poucos assentamentos; nos quatro primeiros anos de governo ele assentou apenas 740 famílias gaúchas. Para este ano, não há nenhuma meta. Nós exigimos um cronograma de assentamentos para este ano”, diz.
Na terça de manhã, os sem terra participaram de um ato público no centro de Bossoroca, que contou com a presença de sindicalistas, vereadores e representantes das prefeituras locais. O vice-prefeito de São Miguel das Missões, José Roberto de Oliveira, esteve no ato público. Ele relata que a criação de cinco assentamentos no município trouxe diversos benefícios.
“São cinco assentamentos aqui na cidade, e eles mudaram bastante, inclusive a economia do município. Eles acabaram sendo muito importantes no desenvolvimento, já que hoje dezenas de famílias produzem e consomem na cidade. Antes eram apenas cinco propriedades, hoje são centenas de famílias”, argumenta.
Nesta quarta, cerca de 500 sem terra iniciam uma outra marcha de Porto Alegre para Coqueiros do Sul. No final da semana, as famílias que protestam em frente ao viveiro da Votorantim, em Capão do Leão, também marcham para o Norte gaúcho. O MST estima que os três grupos devem se encontrar em Coqueiros do Sul no início de Outubro.
O MST afirma que a Fazenda Guerra está envolvida em crimes ambientais, o que permite ser desapropriada por interesse social. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já fez vistoria da fazenda e enviou o processo de desapropriação para Brasília, que está para ser avaliado pelo presidente Lula.