Ruralistas monitoram marcha da Via Campesina em Bagé

Raquel Casiraghi,
da Agência Chasque

A marcha do Movimento Sem Terra (MST) que saiu de Pelotas neste final de semana chegou, na manhã desta segunda-feira, dia 17, em Bagé (RS). Os 500 sem terra irão ficar na cidade durante toda a semana promovendo debates com a comunidade sobre a importância da reforma agrária e os prejuízos da expansão da monocultura de eucalipto na região.

Márcio da Silva, integrante do MST, relata que diversos pequenos agricultores já deixaram a região Sul devido à expansão da monocultura do eucalipto. Ele conta que agricultores assentados em Bagé e Hulha Negra já reclamam da destruição das suas lavouras por caturritas, que estão sem alimento. “Queremos debater com a sociedade a questão da reforma agrária hoje, fazendo contraponto com a comunidade em relação ao agronegócio. Aqui na região, o puxador dessa questão é a monocultura de eucalipto. Empresas como a Votorantim estão comprando muitos hectares de terra e não deixam espaço para a reforma agrária. Queremos que essas terras saiam para a reforma agrária”, diz.

Cerca de 50 ruralistas aguardaram a chegada da marcha do MST no posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na entrada da Bagé. Os produtores afirmam que irão acompanhar todas as ações dos sem terra na cidade.

O presidente do Sindicato Rural do município, Paulo Ricardo de Souza Dias, diz que os produtores da região estão tensos com a marcha do MST. O produtor critica o propósito dos sem terra em desapropriar a Fazenda Coqueiros, no Norte do Estado, e acusa o Incra de estimular as ações dos trabalhadores sem terra. “Imputamos a responsabilidade do que possa acontecer aqui na cidade ao Incra e às suas medidas que estimulam esses protestos, colocando mais lenha no caldeirão da questão agrária. Outra é a prefeitura de Bagé, que está aqui recebendo esse pessoal que tem colocado o agronegócio como o seu grande inimigo. A prefeitura está se colocando contra o seu produtor”, diz.

Os sem terra devem permanecer em Bagé até o final da semana, onde ficam no salão recreativo do município. Depois, as famílias seguem em marcha para São Sepé. Na região central do Estado, a marcha que saiu de Bossocora chegou em Santo Ângelo na manhã de segunda, onde permanece durante a semana. Já os 600 integrantes do MST que estão em Canoas, na região metropolitana, voltam a marchar nesta terça, para São Leopoldo.

A estimativa do MST é de que as três marchas cheguem à Fazenda Coqueiros, no Norte do Estado, até o final deste mês. Os sem terra reivindicam a desapropriação da área, que possui mais de nove mil hectares, para a reforma agrária. No local podem ser assentadas cerca de 400 famílias.