Lucros enviados por multinacionais ao exterior triplicam no governo Lula
Vinicius Mansur,
da Radioagência NP
De acordo com os números do Banco Central, no primeiro mandato do presidente Lula, de 2003 a 2006, a cada dez reais investidos por empresas multinacionais no Brasil, seis foram enviados para suas matrizes no exterior. No segundo mandato do ex- presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), entre 1999 e 2002, esta proporção era de dois reais enviados para cada dez investidos.
Em 2006, os bancos foram os que mais enviaram recursos para o exterior. Foram mais de R$ 2,5 bilhões, o que representou cerca de 10% do total remetido a países estrangeiros.
Segundo o sociólogo Léo Lince, estes números refletem a continuidade de um modelo econômico no Brasil, começado por Fernando Collor de Melo [entre 1990 e 1992], levado a cabo com as privatizações do governo FHC e mantida por Lula. Há anos, o capital internacional injetou seus recursos no Brasil para iniciar suas operações, agora já são empresas consolidadas e com alta lucratividade em cima do patrimônio nacional.
“Como houve um processo muito grande de entrega da economia brasileira nas privatizações, era natural que houvesse um aumento das remessas de lucros. O Lula que foi eleito prometendo mudanças no modelo econômico, mas deu continuidade a um modelo que foi inaugurado lá trás, pelo Fernando Collor de Melo. E ele tem como conseqüência natural um processo de desnacionalização da economia brasileira, de perda de autonomia, num processo que pode ser definido quase como uma re-colonização”.
Lince afirmou que este modelo econômico, no qual as riquezas não pertencem ao país que o produziu, tem como resultado um estado sem capacidade de ter projetos de longo prazo para resolver seus problemas sociais.