Trabalhadores ocupam estrada de ferro Carajás
Na manhã desta quarta-feira (17), os cerca de 2,6 mil trabalhadores e trabalhadoras do MST, das organizações de garimpeiros, pequenos produtores rurais e juventude urbana do Pará, ocuparam parte do eixo ferroviário que corta o Projeto de Assentamento Palmares II (município de Parauapebas), cuja concessão de uso é da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Os manifestantes participam desde a última segunda-feira (15) da Jornada de lutas pela Reforma Agrária e em defesa dos recursos naturais do povo brasileiro.
A intenção dos trabalhadores é denunciar a postura da empresa em determinar a lógica de organização do Estado e da sociedade e, sobretudo, da região de influência da exploração mineral, na perspectiva de acumular e enriquecer um patrimônio privado. Por outro lado, a CVRD se nega a discutir com as esferas políticas e com a sociedade civil as conseqüências ambientais e sociais da exploração mineral predatória.
“A ocupação dos trilhos, a paralisação das atividades de tráfego de minério da CVRD é a forma de responsabilizar o Governo Federal, o Governo Estadual e a própria CVRD pela incapacidade de resolver o grave problema agrário, mineral e ambiental que vivem os trabalhadores do campo e das cidades”, afirma Charles Trocate, integrante do MST no estado.
Segundo ele, a Jornada tem apresentado à sociedade paraense inúmeras informações acerca das contradições do desenvolvimento do Estado baseado num modelo agrário,mineral e exportador, “que nada trouxe ou trará em benefícios para o conjunto da população do estado, intensificando a exploração da biodiversidade e da população da nossa região”.
Os participantes da Jornada pretendem pressionar os órgãos públicos, entre os quais, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Ministério de Minas e Energia (MME) e Ministério da Educação (MEC) para apresentar a pauta de reivindicações, relacionadas à moradia, saúde, segurança, emprego e reforma agrária e soberania (documento anexo). O governo estadual e a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) também estão sendo chamados a negociar.
Além do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) participam da Jornada no Pará a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Sindicato dos Garimpeiros de Serra Pelada, a Articulação de Mulheres do Campo e da Cidade, Associações de Moradores de Parauapebas, o Grupo União Palmares e a UJCC.