Seguranças contratados pela Syngenta se recusam a fazer reconstituição
Mesmo intimados oficialmente, os seguranças da empresa NF, contratados pela multinacional Syngenta Seeds, que atacaram acampamento da Via Campesina no dia 21 de outubro, estão se recusando a participar da reconstituição do crime. O ataque ao acampamento resultou na morte do trabalhador rural Valmir da Mota Oliveira, Keno, de 34 anos. A recusa está prejudicando o processo criminal.
Até o momento não há nenhum tipo de cooperação por parte da empresa NF Segurança nas investigações. A empresa também não apresentou as armas usadas no ataque, que além de executar Keno, também deixou cinco trabalhadores gravemente feridos. Entre eles, Izabel Nascimento de Souza que levou um tiro no olho direito e perdeu a visão.
Nesta quinta-feira, dia 8, os advogados de defesa da Via Campesina encaminham pedido de providências e acompanhamento do caso à Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Os advogados optaram pelo envio do pedido à Comissão Nacional uma vez que a OAB local vem demonstrando posição parcial em favor da empresa de segurança NF, da Sociedade Rural do Oeste do Paraná (SRO) e da Syngenta.
Na semana passada, as organizações de direitos humanos e os advogados também encaminharam pedido de acompanhamento do caso para a Seccional da
OAB do Paraná, que se posicionou oficialmente sobre o assunto.
A Via Campesina quer a punição dos responsáveis pelos crimes – principalmente os mandantes -, a desarticulação da milícia armada na região, o fechamento imediato da empresa de segurança NF e a responsabilização dos fazendeiros e da Syngenta, que estão se utilizando de milícias privadas armadas. A Via Campesina também exige proteção para as vidas dos dirigentes Celso Ribeiro Barbosa e Célia Aparecida Lourenço, e de todos os trabalhadores na região.
Em nota, a Via Campesina reafirma sua disposição na cooperação com o trabalho de investigação e vem sistematicamente colaborando com o Centro de Operações Policiais Especiais (COPE), para que seja esclarecido o ataque da milícia armada, contratada pela multinacional suíça Syngenta. Hoje, dia 7, os camponeses vítimas do ataque participaram de perícias realizadas pela polícia e da reconstituição do crime feito pelo Cope.