Transposição vai enviar famílias de camponeses para periferia das cidades
Agricultores de Cabrobó, sertão de Pernambuco começam a deixar as propriedades para dar lugar às obras de transposição do rio São Francisco. Há três meses, a agricultora Joana dos Santos acompanha o vai-e-vem das máquinas do Exército que trabalham na obra de transposição do Velho Chico. Com o avanço da obra, daqui a alguns dias a casa onde ela mora há 24 anos será demolida. Ela e a família terão de tentar a vida em outro lugar. “A gente tem de sair porque não adianta ficar vendo a obra”, afirma.
A família do pequeno agricultor Rivaldo Novaes, que já foi indenizada, também vai aprontar as malas. O agricultor ainda não sabe onde e nem como vai recomeçar a vida. “Nós não temos outro ramo de vida. Até agora, a gente só sabe plantar cebola e arroz”, diz.
De acordo com o Ministério da Integração Nacional, cerca de 1.900 famílias devem deixar suas casas para dar lugar às obras de transposição. De acordo com a Articulação Popular em Defesa do Rio São Francisco o número de pessoas atingidas deve chegar a 19 mil, já que, em grandes obras os órgãos costumam divulgar apenas 10% atingidas.
Nos eixos Norte e Leste, o projeto vai ocupar uma área de 30 mil hectares. Toda a área de caatinga já foi desmatada. A construção de uma das barragens segue em ritmo acelerado. De acordo com o Exercito responsável pela conclusão da primeira fase do projeto os trabalhos está dentro do cronograma e deve terminar em 2010.
Todas essas informações foram no jornal Pernambuco Globo Rural (clique aqui para assistir). No entanto, o que a matéria não fala é as milhares de famílias que serão atingidas diretamente pelas obras de Transposição do rio São Francisco, serão forçadas a migrar para regiões periféricas das grandes cidades, uma vez que, as indenizações não são suficientes para uma nova vida digna. Locais que, sem infra-estrutura para receber os novos moradores tendem a se transformar em favelas e bolsões de pobreza.
Em nota divulgada pela Articulação Popular em Defesa do Rio São Francisco e pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) as organizações alertam que “arrancar uma família de camponês da beira do rio e da roça, indenizando-a, é a mesma coisa que pegar um pé de banana e plantá-lo no asfalto. Sem terra e água, ele morre!.”
Os movimentos sociais estão mobilizados para tentar arquivar o projeto de transposição. Atualmente existem 17 ações tramitando na Justiça contra a obra. No lugar da transposição os movimentos querem a revitalização do São Francisco, projeto que seria baseado no Atlas Nordeste – projeto que prevê 530 obras pequenas e médias para abastecer com água para 34 milhões de pessoas em todo o Nordeste e Norte de Minas Gerais – e nas projeto ASA – que prevê 1 milhão de cisternas com mais de 140 tipos de tecnologias sustentáveis ecologicamente.
Com informações do jornal Globo Rural