Cerca de mil pessoas fecham ponte na BR 242, em Ibotirama, Bahia

Mais de mil pessoas fecharam na manhã de hoje, dia 5, a ponte do município Ibotirama, Bahia, na BR 242, que serve de acesso a Brasília. A ação acontece em protesto contra o projeto de transposição de águas do rio São Francisco e em solidariedade ao jejum do frei Luiz Cappio. Além da paralisação está prevista uma caminhada pelas ruas dos municípios e uma celebração final.

Em apoio ao jejum de Cappio, ainda hoje estão previstas as chegadas da dirigente do MST, Mariana dos Santos, do deputado federal Adão Preto (PT-RS) e de uma comissão de deputados da Assembléia Legislativa de Sergipe. Em alguns estados do país, movimentos sociais também realizam manifestações. Em cidades de Goiás, haverá hoje, uma vigília e para sexta-feira, dia 7, está prevista ainda a realização de um ato ecumênico em Belo Horizonte, MG.

Participam do trancamento da ponte em Ibotirama os movimentos que fazem parte da Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Trabalhadores Rurais Acampados, Assentados e Quilombolas da Bahia (CETA), Centro de Assessoria de Assuruá (CAA), quilombolas, geraizeiros, representantes da reserva extrativista Serra do Ramalho e pessoas ligadas à igreja.

Ato público

Ontem, dia 4, um ato público reuniu 4.000 pessoas em Sobradinho, na Bahia. Os manifestantes saíram da Capela de São Francisco, onde desde o dia 27 de novembro, o bispo Luiz Cappio faz jejum em protesto contra o projeto de Transposição e seguiram em caminhando até as margens do rio.

No grupo estavam trabalhadores ligados a organizações sociais, movimentos populares e caravanas dos municípios de Remanso, Sobradinho, Campo Alegre de Lurdes, Juazeiro, Barra, Ipupiara, Morpará, Casa Nova, Curaçá, Bonfim, Irecê e Sento Sé (BA), Petrolina (PE), além de pessoas dos estados do Mato Grosso, São Paulo e Ceará.

Durante o caminho foram feitas duas paradas. A primeira aconteceu na entrada da avenida que dá acesso ao rio. “Nós estamos aqui em solidariedade para garantir a preservação da biodiversidade para garantir a vida das futuras gerações”, disse Derli Casali, do MPA. A segunda parada aconteceu em frente à estação de transmissão de energia da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf).

No final da caminhada houve uma celebração presidida por Dom Luiz, com a presença de mais de 20 padres. Bastante animado, ele cantou junto com a multidão e durante um sermão disse que “não podemos deixar que a força do capital roube esse direito de todo o povo brasileiro, não podemos permitir”. Ainda aproveitou para chamar as pessoas para as mobilizações, disse que “chegou o momento de nós defendermos e lutarmos pela vida dele”.

Saúde

Dom Luiz fez todo o percurso da caminhada dentro de um carro, em companhia do pároco local e mais duas pessoas. Ao voltar à capela uma enfermeira aferiu a pressão dele que registrava em média onze por oito, considerado normal. O batimento cardíaco estava equilibrado e ainda falou em tom de brincadeira: “eu estou ótimo”.

Ele continua com o hábito de acordar cedo, se retirar para a oração e ter alguns intervalos para descanso. Além disso, tenta atender a todos que o visitam.

Foto: Frei Cappio celebra missa durante ato em defesa do São Francisco, na terça-feira, dia 4.