Grande mídia esconde lição de democracia venezuelana, diz professor
Vinicius Mansur,
da Radioagência NP
O resultado desfavorável ao presidente Hugo Chávez no último referendo abriu espaço para especulações sobre o futuro político da Venezuela. Cerca de 51% dos votantes rejeitaram as propostas do presidente, contra 49% de favoráveis.
Para o presidente do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Nildo Ouriques, o debate segue guiado de forma conservadora pela grande mídia que tenta tratar a primeira derrota de Chávez como um “suspiro democrático”.
“Parece que a democracia está sendo construída na Venezuela agora que o presidente Chávez perdeu o referendo. Mas observem que o referendo, que é uma arma fundamental de qualquer processo que se possa reivindicar democrático, continua sendo feito a exaustão na Venezuela. Observem que estas reformas constitucionais não só são votadas por um Congresso em que o presidente tem maioria, ele podia tranqüilamente aprová-las, como ele submete estas reformas a um processo de referendo”.
Ouriques aponta que a grande mídia optou por destacar apenas a possibilidade de Chávez se reeleger indefinidamente. Assim, a profundidade das transformações propostas por Chávez, como a redução da jornada de trabalho, o fim do latifúndio, da autonomia do banco central e do monopólio, não receberam a seriedade que mereciam.
“O conjunto de modificações que estão sendo propostas na Venezuela configuram uma economia de tipo socialista. E o presidente Chavez perdeu uma eleição ultra polarizada. E que não está propondo uma extinção da CPMF. É algo efetivamente sério”.
Para Ouriques, a votação ponto por ponto da reforma, ao invés da votação em bloco das propostas, poderia ter sido melhor para a revolução bolivariana.