Expansão dos agrocombustíveis destrói biodiversidade e comunidades na Colômbia

Do Salve a Selva

Uma liderança comunitária expulsa de onde vivia, Ligia Maria Cheverra, explica: “Nosso território foi entregue nas mãos dos produtores de óleo de dendê. Nós precisamos parar todas as monoculturas e os projetos que provocam um atentado contra a Colômbia.” Estes agrocombustíveis vão afetar o continente inteiro. “Tudo vai ser perdido: a terra, a água, o ar, os animais, o povo. Tudo vai ser destruído. Na Colômbia, as pessoas que falam sobre isso em voz alta estão sendo assassinadas. Aqui só as pessoas que se vendem ganham. E os outros que não querem vender-se são chamados de guerrilheiros (terroristas).”

Graves ameaças e violações dos direitos humanos continuam acontecendo sobre as comunidades de Curvaradó e Jiguamiandó, na região do Chocó. Lideranças das comunidades que se opõem contra as plantações de dendê estão recebendo ameaças de morte. Também as pessoas que apóiam as comunidades expulsas a retornarem a suas terras estão sofrendo risco de perder a vida. Outros povos locais estão sendo atacados por membros das forças paramilitares e militares. Setembro do ano passado, duas pessoas foram feridas à bala por homens que se acredita serem membros de um grupo paramilitar. Também continuam as ameaças às comunidades que regressaram para as suas terras. Desde 2001, houve 113 assassinatos, 13 deslocamentos forçados, muitas ameaças de morte e ocupações ilegais de terras. Em dezembro de 2007, o Fiscal General de la Nación (poder judiciário) atuou contra 23 representantes de empresas de dendê, mas isto não significou esforços reais para deter a expanção do dendê e nem da posse das terras comunitárias.

Para garantir a vida e a segurança das pessoas nas comunidades e para garantir a reparação da destruição ambiental e das violações dos direitos humanos, é necessária uma ação urgente e decisiva por parte do governo.

O Conpes (Conselho Nacional de Política Econômica e Social) anunciou recentemente novas políticas para aumentar o apoio governamental à expansão dos agrocombustíveis, com a intenção de converter a Colômbia em uma potência exportadora de agrocombustíveis. As violações dos direitos humanos em Chocó e outras regiões, a destruição acelerada das florestas tropicais e outros sistemas vitais e biodiversos, são o resultado direto das políticas do governo.