Jovens fazem marcha por educação e contra violência no RJ

Mais de 1.200 jovens do campo e da cidade de todas as regiões do país realizam uma marcha, no centro da cidade do Rio de Janeiro com o objetivo de denunciar os impactos para a juventude do processo de criminalização da pobreza e dos movimentos sociais, alimentado por setores do Poder
Judiciário e por empresas transnacionais. A ação acontece nesta sexta-feira (15/8).

A concentração da manifestação, organizada pelos participantes do 1º Encontro Nacional da Juventude do Campo e da Cidade, começa às 14h, em frente à Igreja da Candelária. Os manifestantes fazem protestos na sede estadual do Ministério da Educação (MEC) e no Tribunal de Justiça do Estado.

“Somos vítimas da omissão do Estado brasileiro, que não cumpre seu papel de garantir os diretos fundamentais como a educação, e usa a polícia e setores da Justiça para a repressão dos pobres e dos movimentos sociais”, afirma o integrante da Via Campesina, Marcelo Durão.

O Encontro Nacional da Juventude do Campo e da Cidade, realizado em Niterói entre 11 e 15 de agosto, foi organizado por 24 movimentos populares de trabalhadores, desempregados, negros, mulheres, sem-teto, estudantes e camponeses de todo o Brasil, que discutiram o papel da
juventude no debate político e os desafios e problemas que enfrentam na atualidade.

Abaixo, leia o manifesto dos jovens do 1º Encontro Nacional da Juventude do Campo e da Cidade

MARCHA DA JUVENTUDE CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS E A
VIOLÊNCIA DO ESTADO

Nós, 1200 jovens da classe trabalhadora de 20 estados, encerramos o 1º Encontro Nacional da Juventude do Campo e da Cidade, realizado em Niterói, entre 11 e 15 de agosto, organizado por 24 movimentos populares de trabalhadores, desempregados, negros, mulheres, sem-teto, estudantes e camponeses, com uma marcha no centro da cidade do Rio de Janeiro.

Denunciamos que as mortes de jovens do campo e da cidade são causadas pela violência do Estado brasileiro, em articulação com o poder econômico, que impede a efetivação de direitos e consolida o poder da classe dominante, formada por grandes empresários, bancos e o capital financeiro.

VAMOS AO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO fazer cobranças, porque queremos estudar! Exigimos a erradicação do analfabetismo e o acesso da classe trabalhadora à educação pública de qualidade em todos os níveis.

Defendemos o fim do vestibular, dos processos excludentes de seleção para o ingresso na universidade, a implementação de políticas de ações afirmativas e assistência estudantil. Para isso, é preciso aumentar o investimento do Estado em educação.

VAMOS À VALE denunciar seus crimes contra as comunidades que vivem nas áreas de suas instalações, desrespeitando os direitos humanos, causando prejuízos às famílias assentadas e descumprindo os direitos trabalhistas de seus trabalhadores no Pará, no Maranhão, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Defendemos a reestatização da Vale para garantir o controle público das suas operações em defesa das comunidades e do desenvolvimento nacional com justiça social.
.
VAMOS AO CONSULADO DOS ESTADOS UNIDOS protestar contra o imperialismo e a imposição da submissão dos países de todo o mundo a políticas que causam pobreza e desigualdade. Um exemplo disso é a crise dos altos preços dos alimentos. Somos contra as guerras imperialistas como a invasão do Iraque e do Haiti. Defendemos o fechamento da Base de Guantánamo, instalada em Cuba, que desrespeita todos os direitos humanos, e a libertação dos cinco patriotas cubanos presos ilegalmente nos Estados Unidos. Demonstramos também a nossa indignação com as intervenções
militares na América Latina, como a retomada da 4ª Frota e as bases militares.

VAMOS AO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO denunciar o processo de criminalização dos pobres do campo e da cidade e dos movimentos pela reivindicação de direitos. Defendemos a revogação da Lei Segurança Nacional, criada pelo regime militar, que foi usada no Rio
Grande do Sul para enquadrar oito trabalhadores rurais que lutam pela Reforma Agrária. Denunciamos que não existe no país igualdade no acesso à Justiça e vigora uma diferença no andamento do processo legal entre ricos e pobres.

Exigimos o cumprimento imediato dos direitos fundamentais, como trabalho, educação, saúde, moradia, reforma agrária e cultura. O Estado não pode ser forte na repressão dos pobres e dos movimentos sociais e se omitir em relação ao cumprimento dos direitos sociais, civis e políticos!

1º ENCONTRO NACIONAL DA JUVENTUDE DO CAMPO E DA CIDADE