Sem Terra marcham contra o monocultivo de eucalipto no Espírito Santo

Nesta segunda-feira, 200 trabalhadores e trabalhadoras do Espírito Santo inciaram em Jacaraípe a II Marcha Campo-Cidade com o lema Soberania alimentar e direito à cidade. Os Sem Terra protestam contra o processo de ocupação das terras brasileiras por empresas estrangeiras e pela garantia de direitos básicos ainda inacessíveis a muitos como educação, saúde e habitação.

Eles marcham em direção à cidade de Vitória, onde chegarão em 21/9, data em que manifestações de diversos movimentos sociais espalhados pelo mundo marcam o Dia Internacional de Luta contra as Monoculturas.

No Espírito Santo, assim como nos demais Estados do país, o modelo de exploração da terra está intimamente ligado às injustiças com as quais se deparam as populações do campo e da cidade. A maior vilã no Estado é a monocultura do eucalipto, encabeçada pela Aracruz Celulose, empresa que ganhou notoriedade por seus crimes contra comunidades indígenas da região em 2005, dentre outras investidas contra o meio ambiente e sociedade distribuídas Brasil adentro.

Confira, a seguir, o chamado para a marcha.

II Marcha Campo-Cidade
Soberania alimentar e direito à cidade

A terra deve alimentar seu povo e a cidade expressar os desejos,
decisões e projetos da maioria.

Que tipo de desenvolvimento observamos no Espírito Santo? Por que um estado que abriga tantas empresas, produz fome, miséria, pessoas sem terra e sem moradia, desempregados, violência urbana e devastação da natureza? Para onde vão nossas riquezas naturais exploradas pela Vale, CST, Aracruz Celulose e Samarco? Você sabia que a Aracruz Celulose consome por dia mais água do que toda a população da Grande Vitória? Você sabia que a Aracruz Celulose consome por dia mais água do que toda a população da Grande Vitória, sem pagar um centavo por isso? Por que a maioria da população trabalhadora recebe baixos salários e paga aluguéis caros, mesmo nas periferias das cidades? Por que o transporte urbano é tão precário e as filas nos terminais são tão demoradas? Por que os governos bancam grandes obras e doam terras às indústrias estrangeiras, ignorando as condições dos camponeses, quilombolas e indígenas expulsos de suas terras, sem os destinar nenhuma política pública? Por que os movimentos sociais que lutam pelos direitos fundamentais do ser humano são tratados como criminosos? Por que a maioria da população carcerária é constituída por negros(as) e pobres?
ESTE NÃO É O DESENVOLVIMENTO QUE QUEREMOS!

Nós, os movimentos sociais do campo e da cidade, marchamos pela vida e pela justiça social e ambiental! Marchamos pelo direito ao emprego, à habitação, à saúde, à educação e ao transporte! Marchamos contra os interesses das empresas estrangeiras que ocupam nossas terras, consomem e poluem nossos rios e levam o lucro para fora do país! Contra o descaso dos governantes que gastam dinheiro público para financiar essas empresas, e não atendem às necessidades dos(as) trabalhadores(as) do campo que produzem alimentos para o povo! Marchamos contra a condição de miséria que obriga famílias inteiras vindas do interior a viverem discriminadas nas periferias da Grande Vitória. Marchamos contra a lógica que reduz o bem viver a “ter dinheiro”, no campo e na cidade! Contra o medo que tranca as pessoas nos condomínios, mas não resolve a insegurança dentro e fora dali.

Nossa CAMINHADA pelas ruas e avenidas da Grande Vitória denuncia que os recursos naturais brasileiros não podem ser transformados em lucro que vão parar no bolso de uma dúzia de empresários. As empresas estrangeiras ao utilizarem enormes extensões de terra para o cultivo do eucalipto e da cana provocam o aumento do preço e a falta dos alimentos na mesa da população. Marchamos por acreditar que HABITAR, COMER e VIVER com dignidade constituem-se no direito fundamental de todos os povos. “Natureza e tudo que existe” deve ser compartilhada e preservada por todos e não apropriada para o lucro das grandes empresas, banqueiros, latifundiários e governantes que enxergam o dinheiro antes de tudo.

Marchamos pelo direito de permanecer em nossa terra e de produzirmos alimentos para a população! Contra o aumento do preço dos alimentos, enquanto as empresas estrangeiras se beneficiam de nossa terra, água e do lucro que aqui exploram! MARCHAMOS PELA SOBERANIA ALIMENTAR!

Marchamos contra a discriminação e a violência urbana! Pelo direito à moradia, pela circulação nas cidades, por uma alimentação adequada, por educação e saúde de qualidade e para todos(as)! PELO DIREITO À CIDADE! PELO DIREITO À TERRA!