Vale pratica o capitalismo do século XIX na Amazônia
A atuação da mineradora Vale na Amazônia foi duramente criticada durante o Fórum Social Carajás, realizado no estado do Pará. Durante o evento, que trouxe ativistas sociais de 30 países para conhecer a destruição da floresta, uma das críticas mais contundentes foi a do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O integrante da coordenção nacional do MST, Charles Trocate, alertou para o caminho que está sendo trilhado na região.
“O capitalismo que a Vale pratica na Amazônia é um capitalismo do século XIX. Não há instrumentos que regulem o desenvolvimento desse modelo. Ou nós construímos um outro patamar civilizatório para essa região em que o povo exerça soberania sobre os seus recursos sociais ou o caminho vai ser barbárie social.”
Charles lembrou que a região sul e sudoeste do Pará contava, no século XIX, com 1,5 mil habitantes, residentes na velha Marabá. Cem anos depois já estavam lá 1,5 milhão pessoas. Perspectivas da própria Vale estimam que a região chegue a 2,5 milhões de habitantes nos próximos anos.
Porém, Charles apontou que a empresa, apesar de atrair tanta gente, é incapaz de absorver toda essa população, gerando um bolsão de pobreza.
Durante o fórum, o prefeito de Parauapebas, Darci José Lermen (PT), reclamou da baixa contribuição fiscal e da alta conta social que a Vale deixa para região. Ele lembrou que a cada tonelada de minério exportada, apenas R$ 40 ficam para o país. Mas, Darci ressaltou que não é contra a empresa. “Amamos tanto a Vale que queremos que ela seja nossa, que seja reestatizada”, afirmou.