Mulheres da Via Campesina ocupam porto da Aracruz no ES
Na manhã desta segunda-feira (09/03), cerca de 1300 mulheres da Via Campesina do Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro ocuparam o Portocel, porto de exportações da empresa Aracruz Celulose, localizado em Barra do Riacho, município de Aracruz, no Espírito Santo. A mobilização faz parte das atividades de luta do 8 de Março, Dia Internacional de Luta das Mulheres.
O objetivo da ação é denunciar a concentração de terras da empresa, que são usadas para plantio de eucalipto para exportação, prejudicando a soberania alimentar; e o repasse de recursos públicos do Estado para essa multinacional, o que tem aumentado ainda mais com crise mundial. A empresa se apropria de recursos públicos, mas nao gera nem garante empregos, destrói o meio ambiente e não contribui para o desenvolvimento nacional. Para salvar a Aracruz da falência, o governo repassou, via BNDES – com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) – R$ 2,4 bilhões para o grupo Votorantim comprar ações da Aracruz. Mesmo com os recursos de amparo ao trabalhador, a empresa não garante emprego, e já demitiu mais de 1500 trabalhadores terceirizados. O caso é uma demonstração que os interesses das empresas privadas se sobrepõem aos interesses do povo brasileiro.
A empresa Aracruz Celulose é uma das principais representantes do agronegócio no país. Concentra cerca de 300 mil hectares de terras, sendo parte devolutas, ou seja, pertencentes ao Estado, com monocultura de eucalipto. Boa parte dessa área foi tomada de comunidades indígenas, quilombolas, pescadores e ribeirinhos. Nessa mesma quantidade de área poderiam ser assentadas cerca de 20 mil famílias, gerando empregos no campo e produção de alimentos para as famílias assentadas e das cidades onde a empresa está instalada.
Além disso, a Aracruz é responsável por sérios impactos ambientais. Para cada hectare de eucalipto plantado são consumidos 49 bilhões de litros de água. A fábrica de Barra do Riacho, ao lado porto ocupado, consome 248 mil metros cúbicos de água por dia, equivalente ao consumo diário de 2,5 milhões de pessoas. Parte do Rio Doce foi desviado para atender aos interesses de duplicação da produção da empresa, e não foram observados com seriedade o impacto desse desvio para a região. A prefeitura de Aracruz claramente atendeu aos interesses da empresa, mais uma vez, sem assegurar a proteção à natureza e à população.