Trabalhadoras ocupam fazenda de cana em Alagoas
Na madrugada da segunda-feira (9/3), cerca de 1500 mulheres do MST, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) e Movimento das Mulheres Camponesas (MMC) ocuparam a fazenda Campo Verde (65 km de Maceió, no município de Branquinha) solicitando a vistoria pelos órgãos governamentais e conseqüente desapropriação das terras. O proprietário da área, empresário de usinas e ex-deputado federal João Lyra recebeu no ano passado notificação por prática de trabalho escravo, quando 61 trabalhadores foram libertados por um grupo móvel do Ministério do Trabalho.
O povo de Alagoas sofre historicamente as conseqüências da dominação fundiária da monocultura da cana-de-açúcar, que gera uma brutal concentração de terras e riquezas, materializando do outro lado da balança miséria, exploração da classe trabalhadora e degradação ambiental . Débora Nunes, dirigente nacional do MST aponta que “o latifúndio ocupado agora segue este exemplo e nós não vamos recuar. É preciso também que se tenha um olhar legal sobre esta questão, já que a Constituição garante a desapropriação de terras que não cumprem sua função social”, um parâmetro que a mulher dirigente faz questão de diferenciar do fator produtividade, observando questões trabalhistas e ambientais, principalmente (áreas com mais de 45° de declive permanecem sob cultivo, por exemplo).
Agora, a militância dos quatro movimentos está preocupada em erguer as barracas, além da ciranda (espaço para as místicas) e uma sala de aula. Ainda esta semana, será protocolado um pedido oficial ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de vistoria e desapropriação da área. Outros movimentos sociais, como a Central Única dos Trabalhadores – CUT -AL, já se colocaram a disposição e solidários à luta.
A serviço de quem?
Alagoas, um dos Estados mais pobres do país, não está de fora do mundialmente conhecido Projeto Genoma. A tecnologia genética desenvolvida aqui, nos campus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), tem como único objeto de pesquisa, a meia dúzia de espécies de cana-de-açúcar que mais dão matéria-prima para o açúcar, álcool e etanol no planeta!