Mulheres ocupam sedes da Codevasf no sertão de PE
As mulheres da Via Campesina continuam se mobilizando na Jornada Nacional de luta contra o agronegócio e em defesa da Reforma Agrária e da Soberania Alimentar, que acontece em todo o país na semana do Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras
Na manhã desta terça-feira (10/3) cerca de 700 mulheres ocuparam as sedes da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco) nas cidades de Petrolina e Petrolândia, ambas no Sertão de Pernambuco. As agricultoras protestam contra o avanço do agronegócio na região, promovido pelos grandes projetos de irrigação que vêm sendo implantados pela Codevasf na região do Sertão do São Francisco.
O Governo federal, através da Codevasf, está investindo milhões de reais em projetos como a transposição do Rio São Francisco, o Pontal Sul e o Canal do Sertão, para a construção de infra-estrutura de irrigação voltada para o agronegócio. Esses projetos estão desalojando centenas de pequenos agricultores e agricultoras, que passarão a servir de reservatório de trabalhadores assalariados a serviço das empresas de agronegócio que se instalarão nas terras irrigadas.
Por outro lado, camponeses que vivem em assentamentos da Reforma Agrária à beira do Rio São Francisco, não possuem nenhum sistema de irrigação para suas lavouras, e não há nenhum investimento publico para a construção de tais sistemas. Isto é, para o agronegócio, grandes projetos de irrigação, para o camponês e pequeno agricultor, seca. Além disso, ao contrário do que prega a propaganda oficial, esses projetos não só não levarão água para a população do Sertão, como afetarão negativamente o abastecimento de água ao público da região.
A agricultura irrigada intensiva afeta diretamente o abastecimento de água à população porque diminui a quantidade de água disponível. Em outro protesto 250 camponesas ocuparam, também na manhã de hoje, a sede da Neoernergia, companhia de abastecimento de energia de Pernambuco, em Petrolandia, contra os altos preços da energia. As mulheres da Via Campesina lutam por soberania alimentar e energética, por um projeto que priorize a produção de alimentos para o mercado interno e que não destrua o meio ambiente. As terras e a água do São Francisco devem ser do povo e não de algumas empresas internacionais.