MAB denuncia no Senado prisões políticas ocorridas no Pará
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participaou nesta quarta-feira (13/5) de uma vigília em solidariedade aos povos amazônicos. A vigília aconteceu no plenário do Senado Federal, em Brasília, e foi organizada pelo Movimento Amazônia para Sempre e pelas comissões de Mudanças Climáticas, Meio Ambiente e Direitos Humanos do Senado. As atividades tiveram início pela manhã com uma audiência pública onde se debateu as perspectivas de mudanças no Código Florestal e no licenciamento ambiental, o problema das grandes hidrelétricas e a importância estratégica da conservação da Amazônia. Artistas como Cristiane Torloni, Victor Fazano e Marcos Palmeira estiveram presentes ao lado de ambientalistas, militantes e parlamentares.
Rogério Höhn, coordenador do MAB no Pará, depôs sobre a situação de descaso com o meio ambiente e com a população atingida pelas barragens na região. “A construção de usinas hidrelétricas na Amazônia representa a rapina dos nossos bens naturais e o domínio sobre o território por empresas multinacionais. Se Belo Monte for construída será um desastre ambiental tão grave quanto foi Balbina”, alertou o coordenador.
Além disso, Höhn denunciou as prisões políticas de 18 trabalhadores atingidos pela Usina hidrelétrica de Tucuruí, que protestavam contra a violência no campo e reivindicavam o avanço das negociações sobre reivindicações feitas à Eletronorte, que se arrastam desde 2004 sem avanços significativos nem concretização de acordos. Höhn relatou que até hoje, 25 anos após a construção da hidrelétrica, muitas famílias ainda não receberam nenhuma indenização por terem sido desalojadas e moram numa favela da cidade. Essas mesmas famílias eram as que estavam acampadas no canteiro de obras das novas eclusas da usina, quando no dia 26 de abril a polícia militar foi fazer averiguação no local e deu ordem de prisão por flagrante a 18 trabalhadores, entre eles duas mulheres e um trabalhador com mais de 70 anos.
Um dos momentos mais emocionantes da audiência foi quando o Höhn relatou que os trabalhadores, por serem pescadores e camponeses e nunca terem se envolvido com qualquer ação criminosa, ao passarem por esta situação apresentam sintomas de depressão em virtude da humilhação, das péssimas condições de alimentação e de tratamento no presídio. “É impossível que num país que se diz democrático, o aparato estatal mantenha trabalhadores nessas condições. Nossos companheiros estão presos por estarem reivindicando seus direitos negados há 25 anos. Tiraram-lhes a terra, o rio, a liberadade e agora estão lhes tirando a vida”, desabafou o coordenador.