Mutirão de debates sobre a Reforma Agrária e a crise econômica chega a Curitiba

Após duas semanas de caminhada, promovendo debates com a população em todo interior do Paraná, na manhã desta quinta-feira (4/6) chegam à cidade de Curitiba os 400 trabalhadores e trabalhadoras do MST que, juntamente com a Via Campesina e da Assembléia Popular, vêm realizando um Mutirão de debates sobre a crise econômica e um Projeto Popular para o Brasil.

Na manhã desta quarta-feira (3/5) as duas colunas se encontraram na praça central de Campo Largo. No dia 18 de maio, 200 militantes da chamada “coluna do Norte” iniciaram debates na cidade histórica de Porecatu. A coluna fez sua primeira parada em Londrina, onde realizou panfletagens no centro da cidade, debates na universidade pública e obteve contato com sindicatos e pastorais sociais.

No dia seguinte, outros 200 militantes da “coluna do Oeste” partiram de Foz do Iguaçu. As duas colunas percorreram cerca de 30 cidades e chegam juntas amanhã à capital paranaense.
Com o lema Trabalhadores e trabalhadoras não pagarão pela crise! o mutirão faz parte de iniciativa para debater a crise econômica, porém com a proposta de um projeto que aglutine as forças de esquerda, em contraposição ao projeto das elites. Entre as bandeiras de luta, também está a campanha O petróleo tem que ser nosso, além de pautas recolhidas ao longo do mutirão no debate com trabalhadores e população.

Durante a passagem pelas cidades, os militantes dialogaram com a população sobre os efeitos da crise econômica, os trabalhadores e a necessidade de um Projeto Popular para o Brasil, além de exigir a realização da Reforma Agrária, como uma alternativa a crise. “O nosso objetivo é que, nesse debate sobre a crise, a reforma agrária seja colocada como uma das alternativas e chegue ao maior número de pessoas possível”, comenta Mário Debona, da direção estadual do MST.

Na capital, durante três dias, os militantes ficarão alojados nas casas de moradores de bairros carentes de Curitiba e região metropolitana, unindo-se às lutas e trabalhos de base, onde outras bandeiras de luta devem vir à tona.

O mutirão tem o apoio de organizações de esquerda, que irão receber os marchantes e construir locais de difusão do debate. “O MST busca partilhar com os trabalhadores urbanos, em comunidades, onde vivemos e trabalhamos, suas experiências organizativas, de análise e de luta. O ensinamento da marcha é importante para animar os movimentos urbanos e contribuir na
organização dos trabalhadores, como a Assembléia Popular”, analisa Cristiane Coradin, da Assembléia Popular de Curitiba.

Programação

04/06 – 7h30 – Café da manhã e Ato de Solidariedade contra a impunidade e descriminalização dos movimentos sociais, no Monumento Antonio Tavares (BR 277- próximo a entrada da cidade);

9h00 – Encontro entre os debatedores e lideranças de organizações, movimentos sociais, sindicatos e bairros – concentração e saída da marcha no parque Barigui; Itinerário da Marcha: passando pelas ruas Martin Afonso, 24 de maio, praça Rui Barbosa, Marechal Deodoro, Conselheiro Laurindo, praça Santos Andrades, panfletagem no calçadão da XV de novembro e Boca Maldita;

12h– Ato de encerramento da Marcha na Boca Maldita;

13h – almoço no MST e encaminhamento de militantes para bairros e locais de debates.

04/06 – à tarde e 05 e 06/06 – debate nos bairros, comunidades e escolas. Serão realizados cerca de 60 debates entre escolas, universidades, comunidades e setores organizados de trabalhadores.

05/06 – Atividades em tenda no Pátio da Reitoria da Universidade Federal do Paraná:

10h30 – Oficina do Teatro Oprimido (em homenagem a Augusto Boal)

14h – Debates: Crise Ambiental e Agroecologia

15h – Perspectivas para a Educação Pública hoje – Astrid Baecker Ávila – APUFPR

16h30 – O SUS e a Saúde como direito de todos – FOPS

18h30 – Oficina do Estágio Interdisciplinar de Vivência / Video

19h00 – Plenária Final – debate sobre a Crise, com Gilmar Mauro da coordenação nacional do MST;

Na tenda também haverá uma Feira com produtos da Reforma Agrária; Jornal Brasil de Fato, Revista e Jornal Sem Terra e livros da editora Expressão Popular à venda.

07/06 – 9h – Assembléia Popular dos trabalhadores do Paraná, para balanço do Mutirão de debates e propostas de continuidade;

12h30 – Almoço e encerramento.

Outras informações

Trabalhadores e trabalhadoras produzem mercadorias, mas têm o produto social do seu trabalho apropriado pelos donos de terras, empresas, fábricas e bancos. No momento em que a grande quantidade de mercadorias produzidas não se realiza no mercado, e os trabalhadores sequer conseguem repor suas necessidades, este sistema novamente entra em crise.

Neste momento, os movimentos sociais, sindicatos e entidades de defesa dos trabalhadores, denunciam que, mais uma vez, os patrões e governos querem fazer com que os trabalhadores paguem a conta, realizando demissões em massa, cortando direitos trabalhistas e sociais para manter suas altas taxas de lucro.

Situação no campo e no combate ao agronegócio

Dentre as bandeiras dos movimentos sociais no campo estão a cobrança de agilidade no processo de Reforma Agrária, como uma saída para os trabalhadores neste momento de crise. Os caminhantes da Via Campesina e da Assembléia Popular denunciam o desemprego causado pelo agronegócio.

Atualmente, há cerca de 100 mil famílias acampadas em todo país. Somente no Paraná são aproximadamente 7 mil famílias, vivendo sob barracas de lona, em latifúndios improdutivos e beiras de estradas.

Cidades visitadas ao longo da marcha

Durante o trajeto a “coluna do Norte” passou pelas cidades de: Porecatu, Bela Vista do Paraíso, Londrina, Rolândia, Arapongas, Marialva, Sarandi, Maringá, Mandaguari, Jandaia do Sul, Apucarana, Marilândia, Ortigueira, Imbaú, Ponta Grossa, Campo Largo e Curitiba.

Enquanto a “coluna do Oeste” seguiu por: Foz do Iguaçu, Medianeira, Matelândia, Cascavel, Ibema, Nova Laranjeira, Laranjeiras do Sul, Cantagalo, Guarapuava, Irati, Palmeiras, Campo Largo e Curitiba.