Encontro lança campanha contra o extermínio da juventude
Entre os dias 29 e 31 de maio, cerca de 50 jovens de organizações da sociedade civil brasileira estiveram reunidos na Escola Nacional Florestan Fernandes, no interior de São Paulo, para a realização do Seminário Nacional das Pastorais da Juventude do Brasil – PJBs.
Lideranças vindas das cinco regiões do país, com o apoio do Fundo Nacional de Solidariedade, debateram a conjuntura, falaram sobre os problemas prioritários da juventude e aprovaram um plano de ação estratégico com foco no combate à violência contra jovens, negros, pobres, mulheres e homossexuais.
O encontro, segundo os organizadores do evento, foi uma tentativa de construção coletiva, nascida a partir da 15ª Assembléia Nacional das PJs, com o propósito de desenvolver estratégias de ação contra as diversas formas de violência que atingem principalmente os jovens pobres e trabalhadores, e já permitem falar em extermínio da juventude. A partir dessa perspectiva, o encontro deu incício a construção da Campanha Nacional contra o Extermínio da Juventude.
Com o lema “Juventude em marcha, contra a violência”, a campanha indica ações concretas, como a realização de um ato de lançamento desta mobilização no mês de novembro deste ano (mês da consciência negra), e a elaboração de material didático para trabalho de base. Foram aprovados também os princípios e valores que orientarão o trabalho do grupo.
Também segundo a coordenação do encontro, o objetivo da campanha é envolver a sociedade brasileira nas questões referentes a violência contra a juventude e construir alternativas para o tema, reconhecendo o acúmulo das experiências como a campanha “Reaja!”, que foi desenvolvida no estado da Bahia. Os participantes querem construir iniciativas semelhantes, denunciado a situação e exigindo rapidez nas ações por parte do estado.
Além das Pastorais da Juventude do Brasil, estiveram presentes representantes do Setor Juventude da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), da CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil), do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, da Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, da Via Campesina, da Revista Mundo Jovem e da Associação de Familiares e Amigos e Amigas dos Prisioneiros e Prisioneiras do Estado da Bahia (ASFAP/BA).
Assessoraram o encontro os militantes Hamilton Borges (ASFAP/Ba) e Robson Rodrigues (PJMP) que contribuíram com a análise da realidade e a estruturação metodológica das ações da campanha
A seguir, leia a Carta das Pastorais da Juventude do Brasil:
Entre os dias 29 e 31 de maio de 2009, na Escola Nacional Florestan Fernandes, um espaço nascido da solidariedade da classe trabalhadora do mundo, jovens das Pastorais da Juventude do Brasil das cinco regiões do país, junto com representantes do Setor Juventude, da Conferência dos Religiosos do Brasil, do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, da Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, da Via Campesina, da Revista Mundo Jovem e da Associação de Familiares e Amigos e Amigas dos Prisioneiros e Prisioneiras do Estado da Bahia – ASFAP/BA, reuniram-se no Seminário Nacional das Pastorais da Juventude do Brasil, construindo, em mutirão, a Campanha Nacional contra o Extermínio da Juventude, nascida na 15ª Assembléia Nacional das Pastorais da Juventude do Brasil com o lema: Juventude em Marcha, contra a violência.
Reafirmamos nosso compromisso com a vida da juventude, assumindo o desafio de colaborar com a construção da cultura da paz e denunciando as estruturas sociais que geram morte e violência. Nos inspiramos na mística revolucionária dos mártires da América Latina e do mundo, renovamos o compromisso com a dignidade humana, fortalecemos a esperança de um outro mundo possível e afirmamos que toda a vida tem o mesmo valor.
Fazemos memória de Djair de Jesus, 16 anos, morto pela PM do Estado da Bahia, na cidade de Salvador no ano de 2008, de Edson Luis,18 anos, morto pela ditadura militar na cidade do Rio de Janeiro em março de 1968, de Wilmar de Castro, jovem morto pelo latifúndio goiano por lutar pela Vida e organização Camponesa, de Cinthia Magalhães, 16 anos, seqüestrada, violentada sexualmente e morta na periferia de Manaus 2004, Rodrigo da Silva, 23 anos, militante da PJB, pobre e negro, morto pela homofobia em Cachoeira do Sul – RS em 2007, Clodoaldo Souza, “Negro Blul”, 23 anos, mártir da campanha “Reaja!”, morto por grupos paramilitares no estado da Bahia em 2007 e de tantas outras vidas, vítimas da violência, com os quais nos unimos, decidimos que vamos mudar essa história e que as nossas lágrimas regarão com esperança o chão da dura realidade para sempre sonhar com a utopia de uma sociedade justa e igual, ameaçando com dureza todo o poder que gera opressão.
Acreditamos numa sociedade sem racismo, sem machismo, sem sexismo e sem homofobia. Cremos no fim de todas as prisões, no fim de todas as formas de extermínio, na construção de outras formas de organização da sociedade e na utopia de um mundo sem oprimidos/as e sem opressores.
Temos como princípio o resgate da solidariedade, o diálogo com os movimentos sociais, a autonomia política frente as estruturas institucionais; a construção de um outro modelo de sociedade; o Seguimento de Jesus Cristo, libertador, parceiro dos pobres, Deus dos Oprimidos; a defesa da vida da juventude e a participação popular. Nos colocamos em marcha. Estamos em campanha contra o extermínio!
Guararema – SP, 31 de maio de 2009
Pastorais da Juventude do Brasil
Pastoral da Juventude, Pastoral da Juventude Estudantil,
Pastoral da Juventude do Meio Popular e Pastoral da Juventude Rural