Sem Terra e petroleiros fortalecem unidade durante PlenaFUP

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) realiza, entre os dias 2 e 5/7, sua Primeira Plenária Nacional, no Paraná, tendo como palco dos debates um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Participam da plenária 150 petroleiros de vários estados do país, além de observadores, assessores e convidados. O local dos debates é a Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA), que funciona no Assentamento Contestado, na cidade de Lapa.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) realiza, entre os dias 2 e 5/7, sua Primeira Plenária Nacional, no Paraná, tendo como palco dos debates um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Participam da plenária 150 petroleiros de vários estados do país, além de observadores, assessores e convidados. O local dos debates é a Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA), que funciona no Assentamento Contestado, na cidade de Lapa.

A abertura do evento, realizada na quinta-feira (2/7), contou com a presença de dirigentes sindicais brasileiros e da América Latina, representantes da Coordenação Nacional do MST e do governo do Paraná, movimentos sociais e estudantis, parlamentares e partidos políticos das frentes de esquerda.

Além de debater questões relacionadas à organização sindical da categoria petroleira, a Plenária aborda temas que estão na ordem do dia da classe trabalhadora, como controle estatal e social do petróleo e gás brasileiros, soberania popular na América Latina, democratização dos meios de comunicação, direito de greve e descriminalização dos movimentos sociais, saúde e segurança do trabalhador, entre outras questões.

Cerca de 50 estudantes da Escola de Agroecologia estão trabalhando como voluntários na organização da Plenária Nacional da FUP (PlenaFUP), que tem como tema “Somos todos trabalhadores”. Várias famílias do Assentamento Contestado e outros militantes do MST no Paraná realizaram, espontaneamente, reuniões e seminários locais de formação para ampliarem seus conhecimentos sobre as lutas e organização da categoria petroleira, principalmente sobre a campanha em defesa de uma nova lei do petróleo.

“A proposta política desta plenária é ampliar a integração dos petroleiros com os camponeses, fortalecendo a unidade de classe entre trabalhadores de realidades diversas, mas ideais semelhantes”, declara o coordenador da FUP, João Antônio de Moraes.

Unidade de classe

O MST e os petroleiros têm sido parceiros históricos nas lutas por justiça social e em defesa da soberania nacional. Entre 1986 e 1988, realizaram ações conjuntas em Brasília (durante a Assembléia Nacional Constituinte) para garantir a reforma agrária, a manutenção do monopólio estatal do petróleo e a jornada de 6 horas nos turnos de revezamento. No início dos anos 90, petroleiros e MST ocuparam o Salão Verde da Câmara dos Deputados Federais para tentar impedir a quebra do monopólio e as privatizações.

Enfrentaram com greves e ocupações a política neoliberal de FHC e, desde então, continuam mobilizando o país para garantir o controle estatal e social das reservas brasileiras de petróleo e gás. Uma luta que intensificou-se nos últimos anos, ganhando adesão dos movimentos sociais e estudantis, principalmente após a descoberta das reservas do pré-sal e dos ataques dos privatistas contra a Petrobrás.

A realização da PlenaFUP ocorre no momento em que o MST enfrenta, mais uma vez, uma onda de criminalizações por parte de setores conservadores da sociedade e quando os petroleiros também reagem às ações anti sindicais da indústria de petróleo contra o direito de greve. “A I PLENAFUP acontece sob a certeza de que Somos todos trabalhadores e que a construção de uma sociedade socialista depende, necessariamente, da unidade e identidade da classe trabalhadora”, ressaltam os dirigentes da FUP, no texto de apresentação do caderno de tese que servirá de base para os debates da plenária.

Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA)

A ELAA foi fundada em 27 de agosto de 2005, através de uma parceria entre a Via Campesina, os governos da Venezuela e do Paraná, a Universidade Federal do Paraná e o MST, com o objetivo de estruturar uma rede de intercâmbio entre os camponeses da América Latina e ampliar a luta em defesa da soberania alimentar dos povos. Para receber as delegações da I PlenaFUP, a Escola de Agroecologia passou por obras de infra-estrutura realizadas pelos petroleiros, que serão fundamentais em seus projetos de educação solidária. No local, estudam trabalhadores rurais de vários países do continente, que são formados para desenvolver técnicas de produção agrícola voltadas para a preservação ambiental e a soberania alimentar.

Cooperativas de economia solidária da região fazem exposição no assentamento contestado

Após os discursos da abertura oficial da I PlenaFUP, foi realizada a inauguração do mosaico que representa a parceria entre os petroleiros e camponeses. O trabalho foi feito com a ajuda dos trabalhadores rurais junto a um artista equatoriano que de forma voluntária, faz diversos trabalhos artísticos artesanais no assentamento.

Durante o evento, também estiveram presentes três cooperativas da região que trabalham com o movimento de economia solidária e revertem os lucros para pessoas desprovidas de algum tipo de renda. Na área de exposição, estão sendo vendidos diversos tipos de artesanatos, roupas de inverno e artigos de decoração feitos de material reciclável e confeccionados pelos próprios integrantes da cooperativa.

Participantes chegam a chorar com “mística” apresentada pelo MST no início do segundo dia de Plenafup

Uma mística, estilo de teatro, apresentada pelo MST emocionou os participantes da 1ª Plenafup no início dos trabalhos do segundo dia de Plenária. Levados por duas crianças que carregavam tochas nas mãos, dois grupos entraram no local da plenária representando os trabalhadores do Campo e os petroleiros, trabalhadores da cidade.

Um locutor lia uma breve história do MST e depois da greve dos petroleiro. Nesse momento, ao som de “Cálice” de Chico Buarque, a locutora citava trabalhadores que tombaram na luta e ao mesmo tempo os atores do MST caíam no chão com suas bandeiras. A emoção tomou todos no plenário, levando algumas pessoas às lágrimas.

Ao final, para demonstrar a importância da união dos povos, todos se levantaram e foram para o palco onde um grande sol pintado num pano foi surgindo ao som da música do Titãs, “Enquanto houver sol”.

Confira a programação da PlenaFUP durante este fim de semana:

Sexta-feira, 03/07

18:00 – Mesa temática
“A democratização dos meios de comunicação e os desafios dos movimentos sociais na Conferência Nacional de Comunicação”

Palestrantes: Jonas Valente – Intervozes e Comissão Organizadora Nacional da Conferência de Comunicação; João Paulo Mehl – Coletivo Soylocoporti e Comissão Paranaense Pró-Conferência de Comunicação

20:00 – Jantar e noite cultural

Sábado, 04

08:00 – Apresentação das teses de conjuntura e eleição da tese guia

09:45 – Início dos trabalhos em grupos

14:00 – Reinício dos trabalhos em grupo

20:00 – Jantar e noite cultural

Domingo, 05

08:00 – Plenária final

13:00 – Almoço de encerramento

(Fonte: Federação Unica dos Petroleiros – FUP)