Sem Terra distribuem sementes no Ceará

Do Jornal O Estado

Do Jornal O Estado

Já parou para pensar de onde vem a comida que você come? Para os assentados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), essa dúvida não existe: com uma política de agricultura familiar, os camponeses se alimentam daquilo que plantam e tentam superar a situação de fome e desnutrição que aflinge, segundo o Movimento, cerca de 30% da população brasileira. Lembrando a data em que se comemora o Dia Mundial da Alimentação, o MST Ceará ocupou ontem a Praça do Ferreira distribuindo sementes, oferecendo serviços de saúde e tentando mostrar como a reforma agrária, conforme explicou o integrante da direção do MST Marcelo Matos, pode ser uma solução para o fim da fome. “A gente quer revelar que o acesso à terra pode ser uma saída para o problema da alimentação. Cultivamos, nos assentamentos, sementes sem agrotóxico para que o agricultor possa comer de forma farta, diversificada e com qualidade”, frisou o membro da direção estadual. Dados do IBGE apontam que 70% do que vai à mesa do brasileiro é oriundo da agricultura familiar. A atividade faz parte das ações do Movimento para denunciar a falta de reforma agrária, a concentração de terras pelo agronegócio, além do pedido de revisão dos índices de produtividade.

Milho, feijão, castanha, caju e mandioca. Tudo isso é plantado nos assentamentos do Ceará. Comentando que, mesmo com secas e enchentes, o Movimento tem a preocupação de garantir que os militantes não passem fome. “Nós acompanhamos, por exemplo, famílias do município de Madalena para que eles tenham informações sobre a importância de comer frutas, verduras e cuidar do corpo como se cuida da terra”, frisou a médica da família, formada em Cuba, Alenilde Perreira Souza. Aferindo a pressão arterial de quem chegava próximo às tendas montadas na Praça, a médica explicava para cada um a necessidade de manter as taxas de colesterol, diabetes em dia e de procurar um posto de saúde, sempre que necessário. “Assim como o acesso à alimentação é um direito, a saúde também deve ser”, disse informando à nossa equipe que, da maioria dos pacientes atendidos, uma boa parte estava com pressão arterial alta e com reclamações por falta de remédios nas unidades básicas de saúde. A manifestação, conforme Marcelo Matos, acontece em outros 140 países.

Denunciando o modo como os latifundiários tratam as sementes e os alimentos, Marcelo Matos relatou que o Movimento não usa agrotóxico e que procura cultivar o meio ambiente de forma sustentável. “Queremos alimentos baratos e de qualidade. Daí, a necessidade urgente da reforma agrária”, frisou o militante. Informando que a população não sabe se alimentar de forma adequada, a médica Alenilde Perreira Souza comentou que, mesmo os mais pobres, devem ter atenção com o que ingerem: “eu sei que há algumas frutas que são caras. Mas inserir a banana, por exemplo, no cardápio vai fazer muito bem”, disse. Com a pressão medindo 12.8, o aposentado José Ribamar Ponte aproveitou o tempo livre para se consultar na Praça e reforçou que “o nosso corpo é tudo aquilo que comemos”.

O Dia Mundial da Alimentação é celebrado em 16 de outubro de cada ano para comemorar a criação, em 1945, da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). O objetivo do Dia Mundial da Alimentação é conscientizar o conjunto da humanidade sobre a difícil situação que enfrentam as pessoas que passam fome e estão desnutridas, e promover em todo o mundo a participação da população na luta contra a fome. Todos os anos, mais de 150 países celebram este evento. A FAO anunciou que o número de pessoas que passam fome no mundo subiu de 850 milhões para 925 milhões no ano passado.