Organizações que atuam na Amazônia se solidarizam com MST
Não são poucas as lideranças camponesas, sindicalistas, parlamentares engajados na luta pela reforma agrária, religiosos e religiosas, agricultores e agricultoras, militantes de entidades que apóiam as organizações e movimentos sociais rurais, cruelmente arrancados de suas famílias, maridos, esposas, filhos e filhas, companheiros e companheiras, e brutalmente assassinados e assassinadas no Estado do Pará. As mortes de “Fusquinha”, “Doutor”, Dorothy, Expedito, “Dema”, João Batista, “Brasília”, Irmã Adelaide, Padre Josimo, Paulo Fonteles, “Dezinho”, e os 19 Sem Terra em Eldorado de Carajás, são apenas alguns dos casos mais visíveis.
O relatório anual da Comissão Pastoral da Terra (CPT), denominado “Conflitos no Campo Brasil 2008”, baseado apenas nos casos que foram denunciados, aponta 28 assassinatos no ano passado, em todo o país. O impressionante é que quase 50% destas mortes foram somente no Pará, praticamente triplicando o número de camponeses mortos em relação ao ano de 2007. Este expressivo aumento mostra claramente que a estratégia de eliminação física está sendo novamente intensificada neste Estado por fazendeiros, latifundiários, e até mesmo por proprietários de grandes empresas, através de suas milícias armadas. Paralelamente a estes assassinatos crescem cada vez mais as ações judiciais contra as lideranças e organizações camponesas. A “CPI do MST”, solicitada pela CNA e setores empresariais, instalada no mês de outubro, é a terceira CPI, em quatro anos, que busca atingir este movimento.
Atualmente o conluio existente entre os veículos de comunicação das elites econômicas, amplos setores do judiciário, do legislativo, e dos governos de Ana Júlia Carepa e Luiz Inácio Lula da Silva, vem desfechando intensos ataques ao MST, objetivando com isto eliminar qualquer resistência que possa haver aos projetos de exploração e destruição da sociedade e da natureza, que estas pessoas e corporações implementam. No Pará, o Grupo ORM, de propriedade da família Maiorana, afiliada a Rede Globo, e o Grupo RBA, cujo dono é o deputado federal Jader Barbalho, fazem o trabalho sujo em defesa dos interesses daqueles que por décadas grilaram e se apossaram indevidamente de terras, e do dinheiro público.
Pautados nestes elementos, as entidades componentes do Fórum Social Panamazônico (FSPA), Fórum da Amazônia Oriental (FAOR), e Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo para Sempre, vem a público declarar solidariedade e apoio incondicional ao Movimento dos Trabalhadores rurais Sem Terra (MST), em especial ao MST/PA, bem como ao companheiro Charles Trocate e a companheira Maria Raimunda, que se encontram com prisão preventiva solicitada, e aos companheiros Baltazar Luis de Souza, Edimilson dos Santos Gomes, Jorseley Alves da Silva, Lourival Santos Ferreira, Moisés Lima Silva e Antônio Luiz de Souza, com prisão preventiva decretada pela Polícia Civil do Pará.
Afirmamos, em alto e bom som, que não aceitaremos passivamente este, ou qualquer outro ato de agressão contra as organizações e movimentos sociais, ou contra as suas lideranças e militantes, comprometidos e comprometidas com um mundo livre, justo e fraterno. Reafirmamos que, independente dos ataques reacionários e covardes das elites deste país, seguiremos todas e todos juntos, até a vitória, sempre.
Belém, 11 de Novembro de 2009
Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo para Sempre: FUNDO DEMA, FASE, IAMAS, IAGUA, APACC, CPT, SDDH, MST, SINTSEP, DCE/UFPA, MLC, GMB/FMAP, UNIPOP, ABONG, CIMI, MANA-MANI, COMITÊ DOROTHY, FUNDAÇÃO TOCAIA, CIA. PAPO SHOW, PSOL, MHF/NRP, COLETIVO JOVEM/REJUMA, MMCC-PA, RECID, AITESAMPA.
Fórum da Amazônia Oriental (FAOR)
Fórum Social Pan-Amazônico (FSPA)