Expressão Popular realiza seminário na Universidade Federal de Alagoas
No Seminário “A atualidade do Marxismo”, organizado pela editora Expressão Popular, a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) teve a oportunidade de refletir a sociedade contemporânea sob perspectiva dos movimentos sociais. Entre os dias 10 e 14 de maio, um time destacado de professores da Universidade trabalhou com as platéias em mesas-redondas e mini-cursos os temas da filosofia que evolui desde Karl Marx e Friedrich Engels até os dias de hoje.
Para promover as publicações e o trabalho da editora junto à comunidade da Ufal, a semana contou com a participação de 170 estudantes de cursos distintos, que foram envolvidos em atividades focadas na Política, Processos Sociais rurais e lutas coletivas, modos de produção e questões intrinsecamente ligadas a teoria marxista.
Esse investimento nas teorias da coletividade (o socialismo, o comunismo, o materialismo histórico etc) é uma tentativa de confrontar o atual quadro acadêmico, em que a produção de conhecimento realizada pela Universidade tem um destino majoritário às iniciativas e demandas do setor privado. É um cenário em que a maior parte do conhecimento fica à mercê desses financiadores e seus interesses, contradizendo a referência social da universidade e sua autonomia.
Os debates não se limitaram ao plano mundial da luta de classes, mas analisou as estruturas de dominação e reprodução do Capitalismo também em Alagoas. Em dois momentos diferentes, os debatedores destrincharam o panorama da classe trabalhadora em luta no Estado, tanto em seu segmento operário, urbano, como em seu componente rural.
A produção intelectual do Professor Cícero Albuquerque, por exemplo, sobre a monocultura da cana-de-açúcar e o poder local em Alagoas (Cana, casa e poder, 2009) foi uma clara ilustração das condições de sobrevivência no Trabalho da agroindústria canavieira.
“A semana está sendo fabulosa. Vários estudantes ficaram impressionados com a qualidade e os preços acessíveis das obras publicadas pela editora. Eu converso com os participantes, que procuram a banca, e digo-lhes a importância que essa divulgação tem nos processos da luta de movimentos e organizações populares”, enfatiza Antonio de Pádua, estudante de Filosofia da Ufal e representante da editora no Estado.
Segundo o estudante, o movimento tem sido intenso e proveitoso no auditório que abriga as atividades, com muito envolvimento dos estudantes na construção de críticas conscientes ao processo social em que estão inseridos.
Um dos participantes do evento, o professor doutor Ivo Tonet, estudioso da obra de Karl Marx reconhecido nacionalmente, faz questão de frisar que os currículos na Universidade, mesmo nos cursos das Ciências Humanas, estão afastados de uma discussão mínima sobre as mudanças sociais, a superação do Capitalismo enquanto sistema de produção e relações sociais e a construção revolucionária de um novo sistema, o Socialismo.
“É de extrema importância quando os movimentos sociais, de fora da Academia, vêm puxar essas reflexões aqui dentro. Devem acontecer outros eventos como este”, ressalta destacando ainda que muitos estudantes puderam entrar em contato com esses temas, seja pelos momentos pedagógicos, seja pela aquisição de livros de baixo custo.
A Editora Expressão Popular firmou-se como uma proposta editorial nascida das lutas sociais e políticas. Calcada num catálogo marxista (desde os clássicos até autores contemporâneos), esteve sempre voltada à formação política em seus mais diversos graus. Consolidou-se mantendo independência política e financeira.
A forma para fazer isso foi o trabalho militante e voluntário de inúmeros colaboradores. Isso possibilitou que os livros fossem comercializados a preços extremamente reduzidos, fazendo-os circular nos mais diversos espaços. Hoje, parte de seu catálogo pode ser encontrada nas principais redes em todo o país.
“A editora Expressão Popular cumpre um papel importante ao publicar livros precisamente atuais para os problemas da Humanidade, nos ajudando a refletir caminhos para a saída dessa confusão ideológica geral, em que o Socialismo não aparece mais no horizonte de alguns”, acrescenta o professor Ivo.