Governo Yeda, derrotado nas urnas, sai marcado por agronegócio e repressão
Por Bianca Elisa
Da Página do MST
A Reforma Agrária no Rio Grande do Sul estagnou nos últimos oito anos, com os governos de Germano Rigotto (PMDB) e Yeda Crusis (PSDB), que não criaram nem um assentamento novo.
Além disso, a intensidade da repressão às lutas sociais do MST, por meio da ação articulada do governo estadual, Brigada Militar, Poder Judiciário e Ministério Público Estadual, aumentou violentamente. Essa é a avaliação do MST no estado.
Com a eleição de Tarso Genro (PT), no primeiro turno, a expectativa é de que não ocorra violência contra os movimentos sociais, uma das marcas do governo de Yeda Crusius (PSDB).
“Temos a expectativa de que o governo Tarso tenha terá atitude de respeito e responsabilidade pelo direito de manifestação e com a pauta de reivindicação do conjunto dos trabalhadores”, projeta Ana Hanauer, da coordenação estadual do MST.
Um exemplo dessa política repressiva é o documento oficial do Ministério Público do Rio Grande do Sul, que determina ações para “dissolver” MST, divulgado em junho de 2008. A partir de relatórios da Brigada Militar, o Conselho Superior do órgão determina uma série de ações articuladas com a polícia e o Ministério Público Federal de Carazinho, como a proibição de qualquer marcha ou protesto, intervenção em escolas e indiciamento de lideranças.
Agronegócio
Sob os governos Rigotto e Yeda, houve a ampliação do agronegócio e a exploração mais intensa do trabalhador no campo e na cidade, que é uma premissa para a expansão do capital. Esse avanço desenfreado do capital em todos os âmbitos da sociedade levou o Estado a tomar medidas que prejudicaram a classe trabalhadora.
“Desde o início da história de lutas do Movimento no estado, governos anteriores realizaram investimentos no campo com relação a Reforma Agrária. Mas os últimos oito anos foram um período de consolidação e expansão do capital no campo, sendo que nenhum novo assentamento foi criado” afirma Ana Hanauer, da coordenação estadual do MST.
O período é caracterizado por medidas que beneficiaram a entrada do capital estrangeiro na agricultura, corte de impostos para o agronegócio, a legalização da devastação da natureza e a criminalização das lutas sociais.
“A reconcentração do território para empresas estrangeiras, a flexibilização das leis ambientais, a isenção de impostos, o fechamento das escolas itinerantes e a repressão policial são uma forma que o Estado, principalmente no governo de Yeda Crusius, encontrou para continuar o processo de expansão do capital e se recuperar da crise econômica”, avalia Ana.
Repressão
O governo Yeda, segundo ela, utilizou mecanismos para esvaziar a luta dos trabalhadores, como a proibição dos acampamentos em áreas de assentamentos e em margens de estradas.
Além disso, não houve diálogo entre governo e Movimento, ao ponto de Yeda Crusius fechar o gabinete da Reforma Agrária, criado durante o governo de Olívio Dutra (PT), e fazer uma aliança com o Ministério Público Estadual, Poder Judiciário e o agronegócio da Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul) para criminalizar o MST.
Além do embate com os trabalhadores do campo, professores, bancários e qualquer setor que fizesse lutas sociais sofreram com a repressão imposta pelo governo estadual.
A eleição de Tarso Genro, não significa que a luta dos trabalhadores irá esmorecer. “Vamos continuar com a luta e exigindo o cumprimento da pauta histórica do Movimento”, afirma Ana.
Entre as principais reivindicações, está a Reforma Agrária com investimentos e apoio técnico às famílias assentadas, a reabertura das escolas itinerantes, ampliação e melhoria da educação do/no campo, manutenção das escolas nos assentamentos e desapropriação de novos latifúndios.
O que queremos
>>> Investimentos e apoio técnico às famílias assentadas
>>> Reabertura das escolas itinerantes,
>>> Ampliação e melhoria da educação do/no campo,
>>> Manutenção das escolas nos assentamentos e desapropriação de novos latifúndios.