Trabalhadores rurais cobram justiça por assassinato de Sem Terra em Alagoas

Monumento em homenagem ao lutador Jaelson Melquíades, que tombou na esperança de ver a terra dividida, no Centro de Formação Zumbi dos Palmares

Por Rafael Soriano
Da Página do MST

Há cinco anos, no dia 29 de novembro de 2005, agricultor e dirigente estadual do MST na região de Atalaia (45km de Maceió), Jaelson Melquíades voltava de uma reunião no então acampamento Ouricuri 3 – hoje assentamento Jaelson Melquíades.

A viagem para o assentamento Timbó, para o almoço com sua mãe, foi interrompida por volta das 14h quando foi abordado por dois pistoleiros.

Monumento em homenagem ao lutador Jaelson Melquíades, que tombou na esperança de ver a terra dividida, no Centro de Formação Zumbi dos Palmares

Por Rafael Soriano
Da Página do MST

Há cinco anos, no dia 29 de novembro de 2005, agricultor e dirigente estadual do MST na região de Atalaia (45km de Maceió), Jaelson Melquíades voltava de uma reunião no então acampamento Ouricuri 3 – hoje assentamento Jaelson Melquíades.

A viagem para o assentamento Timbó, para o almoço com sua mãe, foi interrompida por volta das 14h quando foi abordado por dois pistoleiros.

Testemunhas denunciam que os dois homens já rondavam a região desde cedo, fingindo problemas com a moto e parando aqui e ali.

Quando acertaram o primeiro tiro, Jaelson caiu da moto, indefeso para os outros quatro disparos, que seguiram. Com pelo menos um tiro na cabeça, o Sem Terra morreu e seus algozes fugiram.

Cinco anos depois do mais recente assassinato de um líder político no campo alagoano, a impunidade indigna os camponeses em todo o Estado.

O mandante nunca foi condenado e os pistoleiros que executaram Jaelson continuam soltos.

Esse não é o único crime sem resposta contra trabalhadores rurais que lutam por seu direito à terra.

Outros casos de lideranças camponesas assassinadas continuam impunes, como a morte de Chico do Sindicato, 15 anos atrás, José Elenilson, há 10 anos, e Luciano Alves (Grilo), há 7 anos.

Desde 2006, o dia 29 de novembro entrou para o calendário em Alagoas como o Dia Estadual de Luta Contra a Violência e a Impunidade no Campo e na Cidade.

Uma semana de mobilizações deve iniciar na manhã desta segunda-feira (29) com um ato-denúncia e celebração religiosa, próximo à rodoviária no centro de Atalaia.

No mesmo dia, milhares de trabalhadores chegarão a Maceió para uma “vigília de fé” em memória dos mártires da luta pela Reforma Agrária, simbolizando a esperança das cerca de 10 mil famílias do MST em Alagoas na punição dos culpados pelos crimes.

Lutar não é crime[img_assist|nid=10930|title=|desc=|link=none|align=right|width=640|height=420]

Na Zona Rural de Atalaia, no local onde houve a emboscada dos pistoleiros a Jaelson, os educandos da Escola Nacional de Formação do MST, no Centro de Formação Zumbi dos Palmares, inauguraram na tarde desta quinta-feira (25) um monumento em homenagem ao lutador que tombou na esperança de ver a terra dividida entre seus irmãos.

Infelizmente, as mortes em Alagoas não são fatos isolados do resto do país. A realidade cruel do campo brasileiro exibe a face mais truculenta da elite fundiária no país.

Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de 2009 até julho de 2010, se contabilizam 20 assassinatos de trabalhadores rurais e um total de 96 ameaças de morte a lideranças camponesas.

A luta por Reforma Agrária é a saída encontrada por milhões de trabalhadores excluídos do acesso aos direitos fundamentais, como alimentação, saneamento, educação, saúde etc. Acreditando que o fim do latifúndio no Brasil abre um novo horizonte de geração de trabalho, soberania alimentar e desenvolvimento para as comunidades, as famílias Sem Terra se organizam para a participação social, pressionando o poder público para que efetive os direitos que lhes são garantidos na Constituição.