MST ocupa latifúndio em Piranhas, no sertão de Alagoas

 
Por Rafael Soriano
Da Página do MST

 
Por Rafael Soriano
Da Página do MST

 
 
A fazenda Luís Xavier, localizada às margens da rodovia AL-220, foi ocupada nesta manhã por famílias ligadas ao MST, durante a Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária.
 
O latifúndio, localizado no município de Piranhas (há 280 km de Maceió) e de propriedade de Luís Cavalcante Pessoa está sendo reivindicado por 150 famílias Sem Terra.
 
Com a passagem dos 15 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, os problemas dos pobres do campo e da disparidade com a sustentação do grande latifúndio continuam como questões sem solução estrutural.
 
Todos os anos, nesta data, os trabalhadores rurais organizam o Dia Internacional de Luta por Reforma Agrária, momento de debate com a sociedade e governos sobre os projetos para o campo brasileiro.
 
Às margens do Rio São Francisco e da AL-220, a fazenda Luís Xavier tem cerca de 2.500 hectares, abaixo da produtividade necessária para garantir a função social.
 
Por não alcançar índices de ocupação do terreno e de produção, segundo a Constituição (art. 184), a área não cumpre uma função social e está passível de ser destinada ao assentamento de famílias beneficiárias da política de Reforma Agrária.
 
A função social depende ainda da observação das legislações ambientais e trabalhistas em toda área rural.
 
As famílias Sem Terra estão agora erguendo os barracos na área ocupada e dando início ao cotidiano de um novo acampamento. Em alguns dias, além do estudo, os trabalhadores estarão preparando os primeiros plantios para dar um novo uso àquela terra e produzir alimentos.
Em Alagoas, estima-se que cerca de 13.000 famílias estão acampadas em terras que reivindicam para a Reforma Agrária ou à beira de estradas, em condições de difícil vivência. Somente no MST em Alagoas, mais de 5.000 famílias resistem nesta luta.
 
Durante a Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária, neste mês de abril, é reivindicado o assentamento de 100 mil famílias em todo o país.
 
O Movimento propõe ainda o desenvolvimento de políticas para os assentamentos já existentes, que precisam de uma infra-estrutura de habitação rural, saneamento, postos de saúde, escolas para a plena execução de suas funções também produtivas, com ampliação do crédito rural para o assentado e pequeno agricultor e agroindustrialização da produção.
 
Em Alagoas, os agricultores cobram também a tardia destinação das terras do antigo Banco Produban ao assentamento de famílias. No último dia 14, os Sem Terra bloquearam a rodovia BR-101 em dois pontos (Joaquim Gomes e Junqueiro) para pressionar pela agilidade no processo com as terras do antigo banco, assim como as do complexo Agrisa-Peixe. No mesmo dia em São Luís do Quitunde, a agência do Banco do Brasil foi ocupada por agricultores que reivindicavam melhorias na política de crédito rural.