Sem Terra intensificam a luta em MT “para se fazer ouvir”

De Horas News

Calmamente acampados no Trevo do Lagarto, em Várzea Grande, onde situa-se o ponto em que flue  o tráfego de veículos para quem utiliza a BR-163, a caminho do Norte do Estado, e a 070, para quem vai ao Oeste, trabalhadores rurais sem terra já demonstram impaciência.

De Horas News

Calmamente acampados no Trevo do Lagarto, em Várzea Grande, onde situa-se o ponto em que flue  o tráfego de veículos para quem utiliza a BR-163, a caminho do Norte do Estado, e a 070, para quem vai ao Oeste, trabalhadores rurais sem terra já demonstram impaciência.

Neste domingo o MST anunciou  que vai intensificar a luta em Mato Grosso  a partir desta segunda-feira para pressionar o Governo Estadual e o Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária (Incra). Eles reclamam de omissão do Estado e dos atos do Incra, que historicamente ignora a pauta já amarelada dos sem-terra.

Desde o dia 10 de abril, 350 homens, mulheres e crianças do MST em Mato Grosso estão acampados no Trevo do Lagarto, em Várzea Grande, para cobrar agilidade na reforma agrária. Por uns dias, fizeram movimentos de bloqueio da rodovia, mas aceitaram uma trégua até serem recebidos pelo Governo.

Sem respostas, os sem-terra estão dispostos a permanecerem acampadas no Trevo por tempo indeterminado, apesar das dificuldades estruturais do acampamento.

Um dos pontos de pauta é o assentamento imediato de 2.500 famílias, que há anos vivem em situação de insegurança em acampamentos no interior do Estado, onde a habitação são casas de lona preta.

Outra reivindicação é assistência técnica para as famílias que já foram assentadas. “Não adianta apenas jogar o sem-terra em um lote e depois exigir que ele produza da noite para o dia sem qualquer apoio” – diz Antônio Carneiro, da Coordenação do MST em Mato Grosso.

“Fazer a reforma agrária é mais que favelizar o campo, é investir na agricultura familiar, entendendo que isso significa comida boa e barata na mesa do brasileiro e a diminuição da violência e da miœeria nas cidades nas cidades”, afirma Carneiro.

“Essa responsabilidades é do poder estatal, tanto estadual quanto federal”, completa.
 
“São esses mesmos poderes é que concedem enormes privilégios aos grandes proprietários e grileiros do agronegócio. Mas para nós eles fingem que não têm condições? Aqui em Mato Grosso é preciso que esse governo cumpra o que prometeu nas eleições que foi o fortalecimento da agricultura familiar já que até agora  foi só promessa”.

“Estamos cansados de tantas mentiras. Esse abandono da agricultura familiar em Mato Grosso e da falta de assentamentos pode agravar a situação e provocar sérios conflitos e os políticos irão dizer que não sabiam, ou somos nós os culpados”, destaca Carneiro.
 
Nesse mês de abril, o MST faz as Jornadas de Lutas em todo o Brasil, para lembrar o Massacre de Eldorado dos Carajás, em que, há 15 anos, 19 sem-terra foram assassinados no Pará. Assassinos continuam impunes até hoje.

As Jornadas de Lutas também intencionam colocar na pauta do país a urgência da reforma agrária na luta contra as diferenças sociais, que criam nas cidades um problema cotidiano: a violência urbana.