Pequenos agricultores realizam protestos no Rio Grande do Sul
Do Jornal do Comércio / Rio Grande do Sul
As manifestações dos pequenos agricultores familiares no Rio Grande do Sul contra o endividamento começaram ontem com uma marcha na BR-386, a Tabaí-Canoas, em direção a Porto Alegre. Cerca de 600 pessoas participam da caminhada que exige dos governos federal e estadual a renegociação das dívidas dos agricultores.
Do Jornal do Comércio / Rio Grande do Sul
As manifestações dos pequenos agricultores familiares no Rio Grande do Sul contra o endividamento começaram ontem com uma marcha na BR-386, a Tabaí-Canoas, em direção a Porto Alegre. Cerca de 600 pessoas participam da caminhada que exige dos governos federal e estadual a renegociação das dívidas dos agricultores.
Amanhã, dia da chegada dos manifestantes na Capital, está previsto um protesto junto ao Monumento ao Laçador, na zona Norte da cidade, onde são esperadas mais de três mil pessoas. Neste dia, o grupo segue em caminhada até o Centro de Porto Alegre. As mobilizações continuam até a próxima sexta-feira, dia 20 de maio.
Também estão previstas manifestações de pequenos agricultores em cinco cidades gaúchas ao longo desta semana.
O anúncio da mobilização foi realizado pelos integrantes da Via Campesina, pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) e pela Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar na Região Sul (Fetraf) durante a apresentação do documento intitulado Endividamento da Agricultura Familiar no Rio Grande do Sul. A Via Campesina é composta pelos movimentos de Mulheres Camponesas (MMC), pelos Pequenos Agricultores (MPA), pelos Sem Terra (MST) e pelos Atingidos por Barragem (MAB).
Romário Rossetto, diretor do MPA, destaca que o endividamento dos pequenos agricultores e dos assentados no País é de R$ 8 bilhões. Desse total, R$ 5 bilhões são de gaúchos, que não conseguem pagar os contratos do Pronaf. Com os eventos climáticos (chuva, geada, granizo e seca), as parcelas vencidas foram sendo prorrogadas. “O problema é que diversos agricultores solicitaram crédito em bancos privados para pagar as contas nas instituições públicas. Com isso, não há mais possibilidade de empréstimos para as próximas safras”, comenta.
Segundo Isaías Vedovatto, da direção estadual do MST, das 450 mil famílias de agricultores do Rio Grande do Sul, 70% estão endividadas, sem condições de continuar produzindo. “O problema também atinge a população, já que mais de 60% dos alimentos consumidos no País são provenientes dos pequenos agricultores”, explica.
Do governo estadual, os agricultores pedem ajuda política para que a União renegocie os prazos e valores. Segundo Rossetto, a proposta é que haja uma repactuação do saldo devedor e alongamento do prazo em até 15 anos para quitação das dívidas, com carência de dois anos. Além disso, os produtores pedem juro zero e remissão de R$ 12 mil por família, incluindo o crédito emergencial.
A média de endividamento dos agricultores familiares no Rio Grande do Sul é de R$ 30 mil. Em Brasília, os integrantes da Via Campesina, da Fetraf e da Fetag participam de reuniões com entidades de outros estados nos dias 18 e 19, durante o Grito da Terra Brasil.