Cooperativa agrega valor à produção de leite em assentamentos em Andradina
Da Página do MDA
Todos os dias, 22 mil litros de leite entregues por 600 famílias chegam a 32 tanques de resfriamento comunitários em 16 assentamentos rurais da região de Andradina (SP). E isso no mês de maio, quando tem início a temporada da seca e a produtividade cai.Esses números dão uma ideia do tamanho da Cooperativa de Produção Agropecuária dos Assentados e Pequenos Produtores da Região Noroeste do Estado de São Paulo, a Coapar.
Da Página do MDA
Todos os dias, 22 mil litros de leite entregues por 600 famílias chegam a 32 tanques de resfriamento comunitários em 16 assentamentos rurais da região de Andradina (SP). E isso no mês de maio, quando tem início a temporada da seca e a produtividade cai.Esses números dão uma ideia do tamanho da Cooperativa de Produção Agropecuária dos Assentados e Pequenos Produtores da Região Noroeste do Estado de São Paulo, a Coapar.
Comercializando o leite em larga escala, a cooperativa consegue um preço acima da média do mercado regional. Enquanto os sócios da Coapar recebem R$ 0,81 por litro, produtores que vendem diretamente aos laticínios têm recebido R$ 0,73. E já houve, recentemente, quem vendesse por apenas R$ 0,51, segundo o presidente da entidade, Lourival Plácido de Paula. “O que garante o preço melhor é a nossa organização e a qualidade do leite, que conseguimos graças ao resfriamento”, explica.
Embora a maior parte da produção seja vendida para grandes laticínios, a Coapar também fornece leite para entidades assistenciais por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). São cinco mil litros mensais, distribuídos para mais de 20 entidades assistenciais da região.
Bebida láctea
Na forma de iogurte sabor coco, morango, ameixa ou salada de frutas, o leite da Coapar também faz parte da alimentação escolar de quatro municípios paulistas: Andradina, Castilho, São Carlos e São Bernardo do Campo. São 30 mil litros mensais de bebida láctea fermentada produzidos pela cooperativa.
A possibilidade de fornecimento para as escolas surgiu com a promulgação da Lei 11.947/09, que estabelece um percentual mínimo de 30% de produtos da agricultura familiar na alimentação escolar, adquiridos com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O contrato mais recente firmado pela Coapar sob o amparo dessa lei foi com a prefeitura de São Bernardo do Campo, no dia 2 de maio. Só esse município do ABC paulista, distante mais de 600 quilômetros de Andradina, passou a comprar 19 mil litros da bebida por mês.
Além de abrir novos mercados para a produção leiteira, a fabricação do iogurte absorve também outros produtos dos assentamentos. Com exceção do morango, as frutas que dão sabor à bebida láctea são fornecidas pelos assentados, favorecendo a diversificação produtiva. Do lote de Francisco Sanches Moreno, 61 anos, no assentamento Timboré, em Andradina, saíram quase quatro mil quilos de melancia para a cooperativa na última colheita. “Em meio alqueire de melancia, eu faturei R$ 10 mil brutos”, calcula o agricultor.
“No ano passado, vendemos mais de mil caixas de poncã para a Coapar”, conta Maria Lima Ferreira, 58 anos, do assentamento Timboré. Segundo ela, o preço pago pela cooperativa é compensador. “No mercado, a gente vende a caixa de 25 quilos a R$ 20. A Coapar paga R$ 1 o quilo”. Com um pomar de mais de 200 pés, a poncã é o principal produto do lote. Mas dona Maria e seu esposo, Narciso José Ferreira, cultivam outras espécies frutíferas, como mangueiras e coqueiros. “De vez em quando eu vendo coco também para a cooperativa”, acrescenta a assentada.
Melhoramento genético
Outra iniciativa da cooperativa para incrementar a renda dos assentados é o melhoramento genético do rebanho leiteiro. Graças a uma parceria com o Incra e a Associação de Criadores de Gado Jersey do Brasil, a Coapar recebeu, em 2007, uma doação de 25 tourinhos da raça jersey. Hoje, os animais são adultos e já têm descendentes.
No lote de Adailton da Conceição Felipe, está um desses touros. A propriedade de Seu Cafu, como é conhecido o agricultor, está localizada no assentamento Terra Livre, em Castilho e foi lá que já nasceram sete bezerros a partir do cruzamento do macho jersey com fêmeas da raça holandesa. E o animal também tem sido cedido a outros assentados interessados no aprimoramento genético. “É um gado muito bom de lidar. É rústico, come pouco e produz bem”, comenta.
Agora, na época da seca, Cafu e a esposa, Leila Ribeiro Costa, tiram 180 litros de leite por dia, ordenhando 15 vacas holandesas. Além do melhoramento genético, o casal está investindo em piquetes irrigados para aumentar a produção. O assentado conta que já fez algumas experiências com lavoura, mas chegou à conclusão de que a melhor alternativa na região é mesmo o leite. Sobretudo com o preço pago por intermédio da cooperativa.