Acampado em Terra Prometida conta como está a luta das famílias
Por Mary Cardoso
Da Página do MST
No triste aniversário de quatro anos do Massacre de Felisburgo, conversamos com o acampado em Terra Prometida José Alves dos Reis, que faz parte do setor de produção. Na entrevista, ele conta como está a luta das famílias na região, quais suas expectativas e como é a relação com a população da região.
Como é a situação das famílias no Acampamento Terra Prometida hoje?
Por Mary Cardoso
Da Página do MST
No triste aniversário de quatro anos do Massacre de Felisburgo, conversamos com o acampado em Terra Prometida José Alves dos Reis, que faz parte do setor de produção. Na entrevista, ele conta como está a luta das famílias na região, quais suas expectativas e como é a relação com a população da região.
Como é a situação das famílias no Acampamento Terra Prometida hoje?
É uma situação ainda muito complicada, porque essas famílias ao longo do tempo vêm sofrendo a espera do Assentamento, que não foi possível realizar. A gente vê um desânimo nos companheiros. A gente vê que os companheiros ainda estão dispostos a fazer memória da história, mas já perderam um pouco aquele entusiasmo, aquele ânimo de antes.
Quais são as principais dificuldades encontradas pelas famílias?
Primeiro encontramos uma dificuldade muito grande que é a realização do assentamento, a desapropriação da área, segundo a questão da moradia que é muito precária, a falta de recurso que não aparece pra gente resolver as questões e isso faz com que a gente acaba perdendo mais companheiros. Temos a perda de vários companheiros e muitas dessas perdas é por causa do descaso, o governo que não preocupa em fazer a desapropriação da área e isso leva muito as pessoas se desanimarem e desistirem.
As famílias ainda recebem ameaças dos pistoleiros?
Elas ainda convivem com esse medo? As ameaças estão um pouco menos constantes, porém as pessoas da coordenação ainda sofrem… existem pessoas que ficam falando que vão acabar com elas, que eles têm que pagar…
Qual é a situação da educação, porque a escola foi queimada durante o massacre então como é hoje?
As crianças da 5ª a 8ª têm que estudar na cidade, mas os de 1ª a 4ª série estudam no Acampamento mesmo. A gente tem um grupo de escola e os professores lecionam lá mesmo. Após ter acontecido o massacre foi reconstruído o Acampamento em outro local, tinha uma casa velha lá, então a companheirada organizou a escola nessa casa da fazenda. Mas depois com a mudança para a sede, porque nós tomamos a sede no dia 23 de fevereiro de 2007, lá já tinha um grupo de escola então ela continua sendo neste local. Pra conquistar a escola a companheirada ocupou a prefeitura por vários dias até que foi resolvido o problema via o poder público, a promotoria.
Qual a expectativa das famílias?
A grande expectativa das famílias que estão no Acampamento hoje é de serem assentadas lá mesmo.
Hoje completam 4 anos do massacre, o que acontece na cidade em torno dessa data?
Estamos fazendo discussão nas escolas a respeito da consciência negra e dessa questões todas que nós do MST viemos debatendo. Nós hoje estamos de parabéns em Felisburgo porque diante da injustiça que já houve aqui na região e discriminação com relação a nós [ao Movimento], as escolas abriram as portas pra gente falar a respeito da história do Movimento Sem Terra aqui em Felisburgo, e inclusive falar da questão da violação dos direitos do cidadão e com relação a questão do preconceito com o negro.
Estamos fazendo o debate sobre qual é a importância da Reforma Agrária no Brasil e no Município de Felisburgo, que é uma região de terras muito férteis, de gente trabalhadora, mas que na maioria das vezes são jogadas na periferia da cidade porque não tinha onde trabalhar. Depois de várias discussões que surgiram em outros eles começam perceber que nós enquanto trabalhadores e trabalhadoras rurais, que somos do Movimento Sem Terra, temos o objetivo muito maior que as pessoas andavam falando por aí… Em alguns debates que fomos alguns jovens levantaram pra dar sua opinião e falar que quando estamos fazendo uma luta não fazemos em benefício apenas de um pequeno grupo mas que a gente faz uma luta voltada ao interesse coletivo, pensando até a nível nacional. E isso está fazendo com as pessoas despertem mais a consciência da Luta pela Reforma Agrária.