Sem Terra marcham para município de Porto Nacional em Tocantins
Por Cirineu Rocha e Lia Gonçalves
Especial para a Página do MST
Mais de 300 pessoas iniciaram uma marcha para a cidade de Porto Nacional, no Tocantins, neste domingo (21/8).
A marcha, organizada pelo Acampamento Sebastião Bezerra da Via Campesina, tem o intuito de realizar um ato político em Defesa da Reforma Agrária e Justiça no Campo na Praça Centenário, em Porto, na terça-feira, a partir das 10 horas.
Por Cirineu Rocha e Lia Gonçalves
Especial para a Página do MST
Mais de 300 pessoas iniciaram uma marcha para a cidade de Porto Nacional, no Tocantins, neste domingo (21/8).
A marcha, organizada pelo Acampamento Sebastião Bezerra da Via Campesina, tem o intuito de realizar um ato político em Defesa da Reforma Agrária e Justiça no Campo na Praça Centenário, em Porto, na terça-feira, a partir das 10 horas.
A saída dos marchantes foi marcada por uma mística feita pelas crianças Sem Terrinha com os símbolos da luta: terra, água, semente e as ferramenta usada para trabalhar a terra.
Também tiveram várias falas dos membros da coordenação do MST) e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
Participaram autoridades políticas como o vereador de Palmas, Bismarque do Movimento, os deputados estaduais pelo Zé Roberto (PT) e Amália Santana (PT) e o delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Agostinho de Oliveira Chaves.
Estiveram também presentes no ato o Movimento Estadual de Direitos Humanos (MEDH), a Pastoral da Juventude do Movimento Popular (PJMP), o Núcleo de Estudos Urbanos, Regionais e Agrário (Nurba), a ONG Com Saúde, o Grupo Feminista Dina Guerrilheira, e a Escola Família Agrícola (EFA) de Porto Nacional.
Segundo o membro da Direção Nacional do MST, Antônio Marcos, as famílias pretendem apresentar para os moradores de Porto Nacional os objetivos do acampamento, a importância da luta pela terra e denunciar a paralisação da Reforma Agrária.
As famílias ocuparam a fazenda Dom Augusto, localizada no quilômetro 25 entre Porto Nacional e Palmas, no dia 21 de abril deste ano, em protesto contra as irregularidades do latifúndio.
O proprietário, Alcides Rebeschini, não tem todo a documentação da área, dos três mil hectares de terra apenas 1.200 são titulados. A fazenda também está na lista suja do Ministério do Trabalho e Emprego por ter sido flagrada com a prática de trabalho escravo, 100 trabalhadores foram resgatados em 2005.
Apoio da sociedade
O médico Eduardo Manzano, da ONG ComSaúde, explicou que existe uma história de luta e conflito por terra no Estado do Tocantins. Para ele, a saúde está ligada diretamente com as condições de vida das pessoas e, por isso, a importância de ações como o acampamento.
“A transformação da sociedade será através de ações e projetos que questionem o capitalismo, que se baseia no consumo e exploração, e assim construiremos uma sociedade alicerçada no respeito ao ser humano e o meio ambiente. E isso será feito pela mobilização popular, o movimento popular”, frisou.
Manzano também manifestou sua preocupação com os possíveis conflitos da polícia com a ação dos acampados e ressaltou o “forte apoio a Marcha e a luta do Acampamento”.
Para o deputado Zé Roberto, essa ação é importante para ajudar os trabalhadores a se organizar, além de ser um momento de motivação e conscientização.
Zé Roberto, que foi superintende do Incra no Estado, disse que no governo Lula melhoraram as políticas públicas de assistência no campo, mas na questão da desapropriação não avançou muito, principalmente na retomada das terras públicas griladas.
“Como presidente da Comissão de Desenvolvimento Rural da Assembleia Legislativa tenho lutado para que as políticas públicas possam chegar ao campo, até hoje o Poder Executivo não teve recursos previstos no orçamento para ações no campo, mas agora terá”, informou.
“A conquista acontece quando existe diálogo, mas também precisa de pressão, e apoiamos essa ação”, afirmou a deputada Amália. Para a parlamentar, ainda existe uma grande dívida com os trabalhadores e que a Reforma Agrária avançou pouco neste ano, mas que espera no segundo semestre o Governo Federal apresente novas ações.
O vereador Bismarque analisou que a marcha é um ato histórico no Estado, pois nunca ocorreu uma ação de acampamento com tantos participantes, além de ser uma ação entre duas cidades importantes, a capital e o a maior cidade histórico do Estado.
Ele ressaltou que essa região é dominada pelo latifúndio, além de denúncias de terras públicas griladas. “Essa ação incentiva outros trabalhadores da cidade, que vivem em condições precárias, a pensar a importância da terra. E também, uma forma de sensibilizar a sociedade sobre quem produz alimento no país, que não é o latifúndio, mas sim o camponês”, disse.
Marcha
Após o ato, a marcha iniciou às 17h e percorreu 15 quilômetros até a primeira parada. Nesta segunda-feira, serão realizadas momento de estudo e debate a partir de documentários, terá o momento de lazer, e os acampados retomará a estrada a partir das 17h e caminharam cinco quilômetros, até a segunda parada.
Na terça-feira, já próximo da cidade, sairão em marcha no início da manhã com a previsão de chegar a Praça Centenário, de Porto, às 10 horas.
A marcha faz parte da Semana Nacional de Luta da Via Campesina que iniciou nesta segunda-feira, em Brasília com um acampamento.
A ação, que acontece em vários estados, é organizada pelos movimentos ligada da Via Campesina. Serão realizada marchas, ocupações, mobilizações no objetivo de fazer a luta pela Reforma Agrária, educação do campo e direitos e por uma vida digna no campo.