Assentados comercializam 54 produtos da Reforma Agrária na feira em Maceió


Por Rafael Soriano
Da Pàgina do MST



O primeiro dia da 12ª Feira da Reforma Agrária reuniu agricultores de todo o estado de Alagoas na praça da Faculdade no bairro do Prado.

Durante toda a quarta-feira, aproximadamente 250 barracas do MST comercializaram cerca de 54 produtos diferenciados, resultados da agricultura familiar praticada sem uso de agrotóxicos nos assentamentos.


Por Rafael Soriano
Da Pàgina do MST

O primeiro dia da 12ª Feira da Reforma Agrária reuniu agricultores de todo o estado de Alagoas na praça da Faculdade no bairro do Prado.

Durante toda a quarta-feira, aproximadamente 250 barracas do MST comercializaram cerca de 54 produtos diferenciados, resultados da agricultura familiar praticada sem uso de agrotóxicos nos assentamentos.

Uma grande estrutura foi montada na praça com palco, espaço educação popular em saúde, praça de alimentação, espaço para venda de livros, exposição de esculturas, além das várias barracas onde são vendidos os alimentos.

Com preços abaixo do custo, a feira atraiu centenas de pessoas que aproveitaram tudo o que a feira tem a oferecer. “A feira tá tão boa que estou levando até três sacolas!”, disse D. Núbia, que já procurava a barraca com coco seco para continuar suas compras. A expectativa dos vendedores é de que o movimento se intensifique ainda mais de hoje até sábado.

A música e a poesia constante nas apresentações do palco principal durante o dia, reforçou o espírito de confraternização que representa o momento da 12ª Feira da Reforma Agrária para o MST, fruto de inúmeras mobilizações do movimento.

“Esse momento consolida a necessidade de uma reforma agrária e, sobretudo, amplia o reconhecimento dessa necessidade por vários setores da sociedade para acabar, assim, com a fome, a miséria e as desigualdades sociais, tão intensas em Alagoas”, afirmou Zé Roberto Silva, da Coordenação Nacional do MST.

Com uma banca de Educação Popular em Saúde, os feirantes e visitantes da Feira participam de rodas de conversa sobre agroecologia e saúde, saúde no campo e previdência social para trabalhadores do campo.

A programação foi construída pelo MST, em parceria com órgãos públicos, como INSS, MDA e Secretaria Estadual de Saúde, contando com oficinas práticas, debates e intervenções artísticas.

Houve exposições permanentes de fitoterápicos (plantas e ervas, com nomes populares e especificações de uso) e comercialização de artesanatos produzidos em áreas de Reforma Agrária.

A população pode se inscrever para sessões gratuitas de massoterapia, Reiki, acupuntura auricular, Tai Chi Chuan e rezadeiras e benzedeiras, sempre no início da manhã e fim de tarde.

Agroecologia

O público participou também de oficinas com a equipe de Assistência Técnica, Social e Ambiental (Ates) que atende as áreas de assentamento do MST. Os técnicos agrícolas, agrônomos e técnicos sociais deram oficinas sobre experiências de biofertilizantes, biodefensivos, biocompostagem e cromatografia de solos, técnicas que implementam a matriz orgânica de produção, que preserva o Meio Ambiente.

Vindo da região Agreste, os exemplos de biodefensivos e biofertilizantes já são avaliados positivamente pelos agricultores envolvidos nas práticas. Os biodefensivos funcionam como paliativo, no controle de pragas já existentes e podem ser fabricados a partir de materiais de fácil aquisição, como fumo-de-corda e farinha de trigo. O biofertilizante, por sua vez, age a longo prazo, restituindo ao solo elementos minerais e micro-organismos que tenham sido desgastados pelo mau uso do mesmo, eliminando assim a adubação química.

O veneno está na mesa do agronegócio

Dando início às sessões do Cineclube Cinema na Terra na 12ª Feira da Reforma Agrária, o MST lança em Alagoas o documentário “O veneno está na mesa”, filmado pelo cineasta Silvio Tendler. O filme aborda a escandalosa situação de envenenamento da população por agrotóxicos, em que se estima um consumo de 5 litros de veneno por ano por cada pessoa através do consumo de alimentos contaminados. A sessão está prevista para acontecer às 18h na Praça da Faculdade.

Os depoimentos presentes no média-metragem de 45 minutos de especialistas da Fundação Oswaldo Cruz advertem para o perigo do atual modelo agrícola para a saúde pública. Os venenos são depositados nas lavouras, mas contaminam água, ar, solo e a saúde humana. Por outro lado, a Via Campesina, organização que congrega diversos movimentos sociais de luta pelo direito à terra de vários países, propõe um modelo de agricultura baseado em minifúndios, no cultivo orgânico e em convívio com o meio ambiente.